Juca Kfouri: É mata-mata!

Antes do esperado, e do desejável, a seleção brasileira tem um jogo de mata-mata que a deixa sob o risco de repetir 1966 e ser eliminada na primeira fase da Copa do Mundo.

Neymar e Gabriel - Foto: Lucas Figueiredo/CBF/Fotos Públicas

Estaria classificada se sua senhoria o assoprador de apito se dignasse a ver no VAR a falta sofrida por Miranda no jogo contra a Suíça. Mas não adianta chorar sobre o empurrão derramado.

Ao time de Tite resta jogar bom futebol contra a Sérvia, repetir aquela uma hora que apresentou durante 15 minutos contra os suíços e os restantes no segundo tempo diante dos costa-riquenhos. A Sérvia está longe de assustar, mas o Irã e Marrocos também estavam e assustaram Portugal e Espanha nesta Copa, em que sustos, gols nos acréscimos e uso do VAR são como capim, mais comuns que os ótimos gramados russos.

A força sérvia está na defesa, onde desponta o excelente volante Matic, homem de confiança de José Mourinho no Manchester United. Mourinho, por sinal, tem insistido que a Inglaterra irá longe porque é uma seleção formada apenas por jogadores que atuam no país e acostumados a enfrentar as estrelas estrangeiras. A ver, mas voltemos aos sérvios.

Como terão de vencer os brasileiros que jogam pelo empate neste mata-mata precoce, a possibilidade de se abrirem para levar uma goleada não pode ser descartada. Com um mínimo de equilíbrio emocional e frieza, os comandados de Tite, no esquema tático que for, mais prudente como é o estilo do treinador, a seleção sairá de Moscou para jogar em Samara pelas oitavas de final como primeira do grupo.

Que não se descarte, rara leitora e raro leitor, o desastre, a decepção, a maior reversão de expectativas dos últimos anos, caso a eliminação aconteça.

Sim, a Sérvia pode ser um novo Tolima na vida de Tite.

Não adianta querer olhar para o futebol como se fosse ciência exata, esquadrinhá-lo nos mínimos detalhes e achar que achou o caminho da vitória.

O detalhe, o imprevisto e o improviso é que fazem do futebol esse esporte tão maravilhoso.

Aquela bola chutada na rede pelo lado de fora pelo Irã quase manda Portugal de volta à terrinha com Cristiano Ronaldo na bagagem depois de perder o pênalti que liquidaria o jogo.