Canta meu povo: É Senegal! 

Senegal e Polônia jogaram pelo Grupo H. Para quem só acompanha futebol em época de Copa, um jogo chato. Pra quem gosta, um prato cheio. E assim foi, com 2 a 1 a favor dos africanos sobre a equipe do Lewandowski.

Por Guadalupe Carniel*

senegal - Divulgação
Com falhas grotescas na defesa a Polônia manteve maior posse de bola, mas quem conseguiu decidir e oferecer mais perigo, foi Senegal, a primeira seleção africana a vencer nesta Copa. A equipe é comandada por Aliou Cissé, que foi um dos mais brilhantes jogadores do país e foi capitão na edição de 2002, o único técnico negro da Copa, o mais novo e que tem o menor salário, que gira em torno de R$900 mil. Para efeito de comparação, é menos do qualquer técnico da Série A do Campeonato Brasileiro ganha e dezesseis vezes menos do que Tite.
 
Assim como os japoneses que ficaram famosos por deixarem as arenas por onde passaram limpas, os senegaleses fizeram o mesmo. Mas por que o fato sequer foi comentado por aqui? O Brasil recebe cada vez mais refugiados. O número de senegaleses por aqui está próximo de igualar o de haitianos. Em São Paulo, concentram-se no centro, morando normalmente em ocupações. Com suas roupas em cores vibrantes, as pessoas teimam em fingir que não os veem, que são invisíveis.
 
Mas após a vitória, ninguém pode ficar indiferente: eles dominaram as ruas do centro, correndo e comemorando, dançando, como se tivessem ganho uma taça. Alguns repercutiram sobre um vídeo que foi feito pelo professor Scandurra, que mostra a festa dos senegaleses pelas ruas de Sampa. Uns falaram que seria apenas essa vitória, que era o máximo que poderiam comemorar, e que agora perderão as outras. Opinião de apáticos, que não entendem o que é o futebol e qual é a emoção que se carrega de voltar a uma Copa e fazer uma boa apresentação e relembrar, frente ao mundo, que seu país existe e do qual deveríamos nos sentir próximos pelas raízes. E que sim, esse esporte pode dar boas lições dentro e fora de campo. 

Confira o vídeo da festa senegalesa: