Mujica: Edificada com colonialismo, Europa não pode recusar imigrantes

“Como é possível entender que a Europa moderna e rica tenha resistências fenomenais a integrar gente que escapa da penúria, da guerra na Síria ou do que acontece na África?”, questiona José Mujica, atual senador e ex-presidente do Uruguai.

Imigrantes na Europa - Divulgação

Diariamente, imagens de imigrantes sofrendo com a hostilidade das grandes potências chocam pessoas mundo afora. Isso porque, diariamente, os países ricos viram as costas para milhares de pessoas que buscam no Norte melhores condições de vida devido à situação política e social à qual são submetidas. Seja a guerra na Síria, ou os conflitos localizados na África, além das parcas condições de subsistência, o fato é que estas populações enfrentam grandes riscos de morte em busca de uma nova oportunidade.

Para Mujica, a Europa, que foi edificada à base do colonialismo – principalmente na África – não tem o direito de agora se recusar a receber os imigrantes que chegam todos os dias. Ele citou como exemplo os países latino-americanos que nunca fecharam suas portas a outros povos e têm em sua identidade marcas de muitas culturas.

“Meu país, que é muito pequeno, recebeu de uma vez só mais de 40 mil imigrantes e eles contribuíram para nossa língua, nossos hábitos, nossa cultura. A Argentina chegou a receber mais de 200 mil, nós, do Rio da Prata, recebemos muitos barcos abarrotados e imigrantes”, justifica Mujica.

Nesta semana, as imagens que chocam o mundo são das crianças mexicanas separadas dos pais e enviadas para um centro de imigração no Texas, nos Estados Unidos, porque não têm a documentação necessária para permanecer no país. É como se tivessem se tornado órfãs da noite para o dia por um decreto de Washington.

Na visão de Mujica, a imigração causa impactos “para o bem e para o mal”, mas contribui, principalmente, para a formação cultural de um povo que acolhe bem. Além disso, ele destaca que estas grandes potências não se tornaram ricas sem explorar outros povos e, portanto, há uma dívida histórica que cedo ou tarde será cobrada.

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