Deputados criticam Trump por separar famílias de imigrantes

Parlamentares cobram moção de repúdio do Parlamento brasileiro sobre política de separação de famílias de imigrantes adotada pelos Estados Unidos.

Por Christiane Peres

Deputados criticam Trump por separar famílias de imigrantes - Reprodução da internet

Vídeos e fotos com crianças chorando, presas em gaiolas, separadas de seus pais, nos Estados Unidos, têm chocado o mundo nos últimos dias. As imagens, publicizadas por organizações não-governamentais, retratam a política de tolerância zero adotada por Donald Trump contra a imigração ilegal. Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP), a medida é “desumana e inacreditável”.

“Meu repúdio a esta postura indigna de Donald Trump, que tem encarcerado crianças e jovens, separando famílias que chegam aos EUA em busca de uma vida melhor. Essas pessoas deviam ser acolhidas, abrigadas, mas longe disso, o que se vê é uma política que separa pais de filhos. É desumano, inqualificável, inacreditável”, afirmou o parlamentar.

Assim como o líder comunista, parlamentares de outras legendas também criticaram a postura do presidente norte-americano e cobraram do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma moção de repúdio do Parlamento.

“Essa separação é uma grande violência e as condições em que se encontram essas crianças são desumanas. Gostaríamos que vossa excelência pudesse colocar em votação essa moção para que o Congresso se manifeste diante dessa violação dos direitos fundamentais da pessoa humana”, solicitou o líder do PSol, Ivan Valente (SP). A iniciativa contou com o apoio imediato do PCdoB.

Desde abril, segundo dados divulgados pela imprensa, 2,3 mil crianças já foram separadas de seus pais nos Estados Unidos. A estimativa é que a maioria delas tenha entre quatro e 10 anos. As crianças não possuem camas, apenas sacos de dormir. Os mantimentos são precários, apenas com garrafas de água e sacos de salgadinhos. Além disso, as luzes ficam acessas 24 horas por dia, de acordo com relato do Fundo das Nações Unidas para a Criança (Unicef), que pediu o fim imediato do que chamou de “abuso infantil”.

Apesar das críticas, Trump vinham afirmando incessantemente, via redes sociais, que não iria mudar sua política. No início desta semana, o presidente norte-americano chegou a dizer que não permitiria que seu país se tornasse um “campo de imigrantes”. No entanto, após a crise instalada em seu governo por conta da política, Trump afirmou nesta quarta-feira (20) que irá assinar uma ordem executiva, que equivale a um decreto presidencial, para manter as famílias “unidas”.

“Nós vamos manter as famílias unidas, mas temos que fortalecer nossas fronteiras. Temos que manter a linha-dura, ou nosso país será invadido por pessoas que não deveriam estar no nosso país, pelo crime, por todas as coisas que não queremos”, declarou Trump à imprensa.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), as ações de Trump mostram o “retrato de um capitalismo doentio, que adoeceu a humanidade”. “São crianças separadas de seus pais. Tratadas como se seres humanos não fossem. Não é possível que o mundo não reaja a esse grau de preconceito, violência dos EUA”, afirmou.