Direto da Rússia: Sobre a primeira rodada 

Ah, a Copa do Mundo! Ciclicamente reavivando nosso amor pelo futebol. Muitos de nós, após certos escândalos, ou campeonatos que se demonstram fracos e previsíveis (roubado!, exclamamos em algumas ocasiões), vemos nossa paixão pelo futebol se esvair, alguns chegando a deixar de acompanhar o badalado mundo dos piscineiros, pipoqueiros e sarrafeiros profissionais. 

*Por Felipe Iturrieta

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Nem os craques (que felizmente sempre existem, apesar dos ocasionais 'tempos de vacas magras') são o suficiente para manter-nos sempre dedicados à apreciação dos campeonatos que se disputam. Mas assim que o campeonato mundial se aproxima, volta a euforia e a paixão se reacende. Relembrando as Copas de outrora com lentes de nostalgia, sabemos que cada jogo contém o potencial de ser memorável, especial ou pelo menos surpreendente. Será um prazer acompanhar de perto esse espetáculo, ainda mais tendo o privilégio de contribuir ao Portal Vermelho.
 
A competição começou muito bem, com uma abundância de gols e alguns resultados surpreendentes. Apesar das atuações fracas de alguns jogadores dos quais se esperava muito (Messi, Suarez) e discretas de outros (Kroos, Neymar), tivemos excelentes participações de alguns dos grandes nomes, como Cristiano Ronaldo, além de algumas equipes que jogaram com grande entrosamento e disciplina tática, mostrando que podem dar trabalho às seleções mais tradicionais (Croácia, Islândia,  Bélgica e a própria Rússia sendo exemplos de surpresas positivas, pelo menos nessa primeira rodada). 
 
Uma grande decepção, infelizmente, na minha opinião, foi o modo com que os árbitros de vídeo tiveram atuações completamente assimétricas; alguns assinalando pênaltis (nem sempre claros) como nos jogos de França, Peru e Suécia, enquanto outros nem sequer revisaram lances que eram, pelo menos segundo jogadores e torcedores, claríssimos, como nos jogos de Brasil, Argentina e, mais evidente impossível, Inglaterra. Será difícil para a FIFA justificar o uso da tecnologia se essa for usada de forma seletiva, como vem acontecendo até agora nesta Copa. É um recurso interessante que pode trazer mais precisão à arbitragem, mas será necessário encontrar um modo mais consistente de aplicar o processo. Uma possível medida a se adotar seria a regra como praticada no tênis, onde cada lado tem direito a um certo número de desafios, talvez com os capitães podendo requisitar o uso da ferramenta em momentos críticos (evitando assim que a decisão fique somente nas mãos dos árbitros de vídeo).
 
Apesar disso, podemos nos dar por satisfeitos com uma primeira rodada de bom futebol até aqui. Não só isso, mas resultados como os empates de Argentina e Brasil e a derrota da Alemanha significam que as grandes seleções começam a ter menos espaço para erros. As favoritas ao título terão que mostrar a que vieram para evitar desagradáveis surpresas neste começo de competição, enquanto as zebras da primeira rodada tentarão conquistar pontos importantes na busca de uma possível classificação às oitavas. Devemos, portanto, assistir a uma boa segunda rodada.

Aviso aos leitores: parte das colunas "Direto da Rússia" serão inicialmente escritas da Holanda. Devido à não classificação dos holandeses, tornou-se mais difícil para mim, residente neste país que é ilustre ausência nesta Copa, a chegada ao solo russo, que acontecerá para as quartas-de-final. Enquanto não posso estar lá, estarei acompanhando o desenrolar da primeira fase e oitavas de final em companhia dos torcedores que não verão sua seleção em ação, e da populosa comunidade italiana que também está assistindo, com inveja, os jogos de seus grandes rivais nos bares e coffeeshops holandeses.

*Felipe Iturrieta é músico e apreciador de bom futebol