Um manifesto Oswaldiano

 Por Maria Frnanda Arruda*

bandeira brasil

Herdamos das caravelas o canibalismo. A lábia de Vieira ensinou-nos a assinar promissórias e perdoou-nos as artimanhas das promiscuidades.

Aprendemos a arte da subsistência. Vivemos senzalas. A Casa Grande é a nossa miragem de foro e securas.

Somos individualmente furiosos. Coletivamente engolimos a fúria e matamos feridas e fomes com o receituário dos encantamentos e novelas de horário nobre. Antropófagos de Porto Seguro a Brasília. Apóstolos anestesiados das ribeiras do Chuí até as margens miradas do Pico da Bandeira.

Lula está preso e é e deve ser candidato em outubro à espera de um quase rearranjo nos espinhos do sistema desfolhado. É nosso empenho, nosso símbolo.

Por que cavoucar buracos em espantalhos. A convivência ou a antropofagia? A água fervente das contradições dá-nos o gás do tempo de recomeço, ainda não destila rupturas.

Não há derrota na sabedoria nem veneno nas alianças programadas se soubermos encorpar nossas fragilizadas forças.

Nada de crenças no bigode; o possível num programa escriturado e assinado. Aos mais irredutíveis, propor firma reconhecida em cartório.

Nada de antropofagia, pelo menos isso. Aqui e acolá há resistências pontuais sem horário marcado com possibilidades de resiliência.

Quando empunharemos Oswald para superação de nossas vocações acadêmicas sem fardas, sem feridas, sem os do lado de lá?

Somos dívidas e divisões, pelotões em guerra por postos de comando, guaritas vazias.

Amantes de padrões teóricos e ismos, olhamos os erros dos outros sem compreender os nossos.

Ou unificamos nossos trajetos ou evangelicamente amontoamos brasas para cozinhar nossas dispersões em banho-maria.

Ou continuaremos devorando o que restou de Caramuru?