Crise na Argentina desmente farsa de que PT quebrou o Brasil

O pedido de penico da Argentina ao FMI, de US$ 50 bilhões, uma situação impensável no governo Kirchner, que zerou o passivo do país com a instituição e diminuiu a dívida pública em dois terços, mostra o perigo de se entregar o país aos “analistas” do mercado, que só pensam em manipular investidores e promover a especulação, e em mentir descaradamente a serviço de uma mídia mendaz e hipócrita, na televisão e em outros meios de comunicação.

Por Mauro Santayana

macri e temer

Quando Nestor Kirchner subiu ao poder, em 2003, depois do desastroso governo austericida e conservador – na economia – de Fernando De La Rúa, as reservas internacionais argentinas eram de US$ 14 bilhões e a relação dívida pública-PIB de 135% – uma das mais altas do mundo.

Quando Cristina Kirchner, que o sucedeu, saiu do poder, em 2015, a Argentina havia quitado sua dívida com o FMI, as reservas eram de quase o dobro e a relação dívida-PIB reduzira quase 70%, para 42% do PIB, mesmo com os pagamentos feitos aos fundos “abutres” que não aceitaram a renegociação da dívida nacional anterior à era Kirchner, determinados pelo juiz Griesa, de Nova Iorque.

Mas de nada adiantou esse esforço.

A relativa dignidade argentina – com todos os problemas e desafios enfrentados pelos governos Kirchner – durou menos do que uma década.

Em apenas dois anos, a administração neoliberal, conservadora, entreguista, “pró-mercado” do governo Mauricio Macri conseguiu aumentar a dívida pública do país em para 56% do PIB, a inflação, no ano passado, foi de 25% e neste ano já passa de 15%.

Levando Buenos Aires a pedir novamente, depois de muitos anos, arrego ao Fundo Monetário Internacional.

Quase exatamente – lembram do efeito Orlof? – o que está começando a acontecer aqui.

Cantinho do mundo em que o governo neoliberal e entreguista atual recebeu o Brasil com uma relação dívida bruta-PIB de 63% e está correndo o risco de repassá-la ao próximo governo, no final do ano, próxima de 80%;

Com um aumento de mais de 16 pontos percentuais em pouco mais de dois anos, quando ela diminuiu, tanto no conceito bruto como no líquido nos 12 anos dos governos do PT.

Se Temer também ainda não está, como Macri, batendo às portas do Fundo Monetário Internacional, agradeça-se não ter tido ainda tempo, com as atitudes que anda tomando, de obrigar o país a tomar esse caminho.

E também aos governos nacionalistas anteriores, que pagaram em 2015 a dívida que FHC deixou com o FMI, de US$ 40 bilhões, e ainda multiplicaram por 10 as reservas internacionais, de US$ 37 bilhões em 2002, para US$ 370 bilhões em 2016.

Era esse p patamar em que se encontravam quando do desfecho da conspiração parlamentar, jurídica e midiática golpista que tirou – ao som das panelas e dos foguetes de milhares de otários – a presidente Dilma Roussef do poder.

A ponte para o “futuro” do neoliberalismo abjeto e antinacional está dando certo na Argentina.

Já levou o país do tango e das empanadas de volta para o passado e – de banho tomado, chupeta, pijaminha de seda e gumex no cabelo – de novo para o colo do Fundo Monetário Internacional.

Enquanto, por estas bandas, a parcela da mídia mais farsante e solerte continua insistindo, com asseclas próprios, além daqueles que são “convidados” e alugados, no discurso único, parcial, falacioso e calhorda de que "o PT quebrou o Brasil".

Um país que já arrecadou R$ 1 trilhão em impostos este ano, produz quase três milhões de barris de petróleo por dia e é – ainda hoje – para a tristeza de certos vira-latas americanófilos que aqui rosnam permanentemente – o quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, como se pode conferir no site do tesouro dos EUA.

Mas afinal, se o povo ficasse sabendo disso, como continuar destruindo os bancos públicos, os direitos dos trabalhadores e entregando o país aos gringos, a preço de banana, como se está fazendo?