Petro chega ao segundo turno vivo e com chances de vencer, diz senador

No próximo domingo (17) acontece o segundo turno das eleições onde os colombianos elegerão o futuro presidente. A disputa se dá entre o candidato da direita, o uribista Iván Duque, do partido Centro Democrático, e o candidato da esquerda, Gustavo Petro, da coalizão Colômbia Humana.

Por Hector Bernardo

Iván Cepeda - Divulgação

Além do modelo econômico, político e social que entrará em vigor na Colômbia entre 2018 e 2022, os dois projetos representados por Petro e Duque colocam em disputa a possibilidade de avançar ou retroceder no processo de paz iniciado no país com o acordo entre a Farc e o governo de Juan Manuel Santos.

Para entender como se chega a este segundo turno, quais são as perspextivas e aprofundar os modelos representados por cada candidato, entrevistamos o senador do Polo Democrático, Iván Cepeda, reconhecido por lutar pelos direitos humanos.

O senador explicou que “estas eleições do segundo turno têm um caráter inédito na história do país. Pela primeira vez na Colômbia um candidato de esquerda chega com vida e possibilidades de vencer. Isso precisa ser dito claramente: muitos candidatos da esquerda foram assassinados antes de chegar à última instância eleitoral na história recente do país. E, também pela primeira vez, uma mulher, Ângela Maria Robledo, pode ocupar a vice-presidência”.

“Estas eleições estão precedidas por dois êxitos eleitorais. Nas eleições parlamentares, que aconteceram em março, a esquerda e a centro-esquerda obtiveram, pela primeira vez, uma importante representação no Senado com mais de 25 cadeiras. Este resultado forma uma bancada alternativa composta pelo Partido Verde, o Polo Democrático, a lista da decência que representa a Colômbia Humana, a representação de um novo partido político que surgiu do processo de paz e o movimento indígena. Uma bancada plural que vai jogar um papel fundamental”, explicou Cepeda.

Em seguida, detalhou que “o segundo êxito aconteceu no primeiro turno presidencial. O movimento que defende a candidatura de Gustavo Petro, a Colômbia Humana e a Coalizão Colômbia (de centro-esquerda) obteve cerca de dez milhões de votos. Se esta votação chegar a se repetir no segundo turno, há uma alta possibilidade de que Petro seja eleito”.

“Estes êxitos eleitorais se devem, em primeiro lugar, ao fato de haver um novo contexto político que está marcado pelo processo de paz, o fim de uma parte do conflito armado como resultado do acordo entre as Farc e o governo do presidente Santos. Isso gerou um novo ambiente político. Em muitas partes do país desapareceu o medo produzido pela violência armada. Também desapareceu este estigma que se tentou impor sempre, a ideia de que a esquerda legal era, simplesmente, uma representação camuflada da esquerda ilegal e armada”, afirmou Cepeda.

O senador destacou que “pelo avanço do processo de paz se criou um ambiente de participação diferente. Mas também está em jogo o fato de que há um desgosto generalizado com relação à corrupção. Os jovens querem participar da política para acabar com esta velha classe tradicional que cooptou a política colombiana e que a converteu em tráfico e corrupção. Têm aparecido novas cidadanias neste debate político. Há novos setores que estão entrando na via política e que decidiram participar eleitoralmente”.

“Soma-se a isso que há dois programas em jogo. Por um lado, o da direita representado por Duque, que quer destruir o processos de paz, agudizar o modelo econômico liberal e a desigualdade social. Por outro lado, o de Petro, que busca defender a paz, quer um modelo econômico alternativo baseado em energias ecológicas e verdes, que vá pavimentando o caminho para sair das economias fundadas exclusivamente na extração petroleiro e de carbono. Esse tipo de discussão, junto ao debate sobre os direitos sociais, a educação e a saúde, compõem o desafio das próximas eleições” concluiu o senador.