Eletrobras: Trabalhadores prosseguem com greve até completar 72 horas

Apesar da decisão do TST, de multar as entidades representantes dos empregados caso não conseguissem comprovar a presença de pelo menos 75% do efetivo nas empresas do Grupo Eletrobras, a maioria dos próprios empregados decidiram continuar mobilizados pelo prazo de 72 horas, conforme previsto desde o início. A decisão foi tomada a partir de assembleias realizadas em cada uma das sedes da holding e suas subsidiárias ou dos empreendimentos da companhia.

Contra privatização do setor elétrico - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Parte de alguma unidades regionais das empresas de geração e transmissão da Eletrobras (Furnas, Eletronorte, Chesf, Eletrosul e Amazonas GT) permanecem em greve.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) confirma que, apesar da adesão maciça dos eletricitários à mobilização, a prestação dos serviços essenciais e as unidades de manutenção emergencial foram mantidas, para que não houvesse qualquer prejuízo aos consumidores.

As entidades que representam os trabalhadores das unidades onde ficou decidida a continuidade da mobilização, chamam a atenção para o fato de que essa foi uma decisão da própria categoria. “Com a decisão da justiça, entendemos que o melhor é deixar que os trabalhadores decidam o caminho mais adequado para atingirmos nosso pleito.

Os eletricitários estão em greve pela posição contrária à privatização da Eletrobras, mas o principal pleito do movimento é a saída do Presidente da Companhia, Wilson Ferreira Junior. A categoria entende que o CEO não reúne as condições mínimas necessárias para permanecer no cargo, pois o consideram com a imagem muito desgastada, diante da esfera política e principalmente diante dos empregados, após sucessivas situações embaraçosas ocasionadas pela sua postura em relação aos trabalhadores e ao processo de privatização da estatal.

Encontro com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados

Nesta terça-feira (12/06), representantes do CNE foram recebidos pelo Deputado Federal Rodrigo Maia na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados para discutirem os caminhos da privatização da Eletrobras.

Também participaram do encontro, o Deputado Federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), Relator do PL 9463/18, que trata da privatização da estatal elétrica, e o Deputado Federal Fabio Garcia (DEM-MT), Relator do PL 1917/15, que trata da portabilidade da conta de luz, ambos em tramitação na Câmara.

Durante a reunião os representantes dos trabalhadores demonstraram sua posição claramente contrária à venda da estatal e suas subsidiarias, e de outro lado, os parlamentares deixaram claro que é importante dar continuidade às votações de matérias importantes para o Governo.

Em busca de entendimentos futuros, Maia e seus pares comprometeram-se a apreciar as emendas feitas ao PL 9463/18, especialmente o substitutivo apresentado pelo Deputado Leonardo Quintão (MDB-MG), que propõe a abertura do capital das empresas de geração e transmissão do Grupo Eletrobras, com inserção dessas no Novo Mercado B3.

Os trabalhadores ressaltaram que a medida poderá proporcionar ganhos maiores à União do que o previsto pelo texto atual do Projeto de Lei, e manterá o controle da companhia nas mãos do Governo.

Também ficou resolvido que serão retiradas do texto do PL 1917/15 todas as menções ao processo de privatização ou assuntos tangentes.

Para isso, os trabalhadores contarão com parlamentares da oposição, que ingressarão com emendas ao Projeto de Lei já com as alterações neste sentido.

Sem concessão

A reunião se limitou a isso, deixando claro que não houve nenhuma negociação entre os parlamentares e o CNE no sentido de fazer concessões que venham a prejudicar os trabalhadores das distribuidoras, muito pelo contrário, o CNE tentou convencer Rodrigo Maia da possibilidade de criar uma Empresa Nacional de Distribuição, que congregaria todas as distribuidoras da Eletrobras, além disso formularam proposta que prevê repasse de recursos de Tucurui para fomentar a viabilidade das diatribuidoras, alternativa que foi rechaçada pelo Deputado Aleluia, que entende não dever misturar as receitas.

Lembramos que a proposta de criação da empresa de distribuição está contida no substitutivo do Deputado Leonardo Quintão.