Brasil mata 71% mais mulheres negras do que brancas

Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no Brasil – um total de 4,5 mulheres mortas a cada 100 mil brasileiras. A maioria das vítimas era negra. As informações são do Atlas da Violência 2018 do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na quarta-feira (06).

mulheres negras - Divulgação/Facebook

A taxa de homicídio naquele ano foi de 5,3 a cada 100 mil negras; e de 3,1 a cada mil 100 mil mulheres brancas. Uma diferença que chega a 71% entre as raças – e que evidencia os impactos das desigualdades raciais do país. Nos 10 anos de análise (de 2006 a 2016), enquanto o país matou menos brancas (queda de 8%), os homicídios entre as negras só cresceu (aumento de 15,4%).

Nesse mesmo período, a violência contra mulheres negras aumentou em 20 estados brasileiros. O lugar mais hostil a elas é Goiás – com taxa de homicídio de 8,5, o que representa uma alta de 48% nos assassinatos de negras em 10 anos. Entre as brancas, essa taxa cai para 4,1.

No ranking dos estados com maior crescimento de violência contra negras estão: Roraima (alta de 214%), Rio Grande do Norte (142%) e Amazonas (134%).

No geral, a população negra sofre muito mais com a violência. Dos 62.517 homicídios (a maior parte era de jovens de 15 a 29 anos) que aconteceram em 2016, 71,5% das vítimas eram negros – a taxa de assassinatos foi de 40,2 para a população negra e de 16 para o resto dos brasileiros.

Ao longo dos 10 anos de análise, enquanto a média de homicídio caiu quase 7% entre os brancos, a taxa de negros mortos violentamente aumentou 23%. “É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos”, explica o relatório.