Judicialização da política se voltou contra o movimento sindical

No dia 30 de maio a Polícia Federal vasculhou o gabinete do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e nesta quarta-feira (6) a PF apontou envolvimento de Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em investigação de pagamento de propina para obter registro sindical. Dirigentes de centrais presentes em ato unitário das entidades nesta quarta alertam que as denúncias visam intimidar o movimento sindical.

Por Railídia Carvalho

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Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), definiu a atuação da Polícia Federal como “um processo de violência contra companheiros do movimento sindical”. De acordo com Vagner, há uma tentativa de intimidar a resistência que o movimento sindical tem feito às medidas do atual governo. Neste dia, sete centrais lançaram a Agenda Prioritária da Classe trabalhadora para combater o retrocesso pós-golpe de 2016 que levou Michel Temer à presidência.

O dirigente da CUT lembrou que o presidente Lula foi vítima da judicialização da política. “O ex-presidente Lula está preso sem provas há 60 dias”. De acordo com publicação do Jornal O Estado de S.Paulo, o pedido da Polícia Federal para acusar Patah se baseia em “fortes indícios”.

Coincidentemente, as duas operações contra sindicalistas aconteceram em datas com previsão de protestos contra o governo Temer, como o início da greve dos petroleiros no dia 30 de maio e o lançamento, nesta quarta, da proposta das centrais contra o desmonte promovido pelo governo.

A operação da PF contra dirigentes de centrais também se dá no momento em que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, dá parecer favorável ao movimento sindical sobre a contribuição sindical. Ele considerou que a reforma trabalhista viola a Constituição Federal ao acabar com a obrigatoriedade da contribuição sindical sem um debate profundo. Sessão prevista para o dia 28 de junho vai julgar o caso.

Segundo Vagner, notícias que favorecem o movimento sindicato não interessam à imprensa. “Só noticiam que o movimento sindical perdeu 60% da contribuição”. Na opinião de Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o movimento sindical, assim como os movimentos sociais, também está na mira do processo de criminalização da política.

“A estratégia do golpe precisava ferir, além dos partidos, o movimento sindical, asfixiado pelo impedimento de custear as atividades. O objetivo aqui é impedir que haja contraponto à exploração que o golpe aprofundou contra o trabalhador brasileiro. É evidente que o cerco chegaria ao movimento sindical”, concluiu Adilson.