Movimento LGBT cobra políticas públicas e combate ao preconceito

XV Seminário LGBT do Congresso Nacional discute desafios da velhice. Em mesa de abertura, parlamentares e ativistas defendem criação de políticas públicas para a comunidade e combate à LGBTfobia.

Por Christiane Peres

Movimento LGBT cobra políticas públicas e combate ao preconceito - Richard Silva/PCdoB na Câmara

A 15ª edição do Seminário LGBT do Congresso Nacional, realizada nesta quarta-feira (6), na Câmara dos Deputados, trouxe como tema os desafios da velhice para debate. No entanto, em alguns grupos, como o de mulheres trans, por exemplo, a expectativa de vida é de 35 anos, o que revela a complexidade do tema e traz à tona outras questões de fundo, como o preconceito e a violência sofridos por essas pessoas.

Só em 2017, 179 transgêneros foram assassinados no país, conforme a Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Minas Gerais, Bahia e São Paulo lideram a lista de ocorrências.

Para a ativista Amanda Anderson, o tema do seminário é “lindo” e necessário, mas uma realidade ainda distante do mundo trans. “Poucas somos as que chegamos ao envelhecimento. Como podemos mudar essa realidade para que possamos chegar e viver esse tempo com vocês?”, provocou a ativista na abertura do seminário.

O encontro também reforçou a necessidade de formulação de políticas públicas para a comunidade LGBT, sobretudo num momento de ruptura democrática, onde as minorias têm sido perseguidas e seus direitos invalidados.

Andrey Lemos, presidente da União Nacional LGBT (UnaLGBT), mesmo o Parlamento tem sido espaço de perseguição. Ele convidou os participantes a “dar as mãos e lutar pela democracia e pelos direitos”.

“É desafiador acordar e sair de casa e seguir nessa luta, pois a todo tempo a gente perde companheiros por conta da discriminação de identidade de gênero ou de orientação sexual. Esta Casa, um espaço que a gente sempre acreditou, como um espaço que deve impulsionar políticas públicas para defender a vida da população tem sido também um espaço de muita perseguição dos direitos sociais. A ruptura democrática tem aprofundado as desigualdades. Temos que lamentar, denunciar e convocar a sociedade para lutar contra a LGBTfobia. Este não é um problema só de quem é LGBT. Não dá para conviver com esse número de jovens gays que se suicidam, religiões que perseguem as pessoas e governos que não têm compromisso com sua população. Isso é uma conclamação para dizer que a gente precisa acordar, dar as mãos e lutar pelos nossos direitos”, enfatizou Lemos.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a luta também passa pela luta contra a “opressão do capital”. “A opressão tem direcionamento. O poder sempre foi branco e masculino. O dono do capital sempre foi branco e masculino e a negação das outras identidades sempre tiveram a violência como resposta. Por isso, nossa luta também é uma luta contra a opressão do capital”, afirmou.

Segundo ela, nesse momento de ruptura democrática pelo qual passa o país, pensar políticas públicas é “desafiador”, mas necessário.

O XV Seminário LGBT foi uma iniciativa conjunta das comissões de Cultura, de Direitos Humanos, Educação, Legislação Participativa e Seguridade Social e Família.