Estudantes dos EUA fazem campanha pelo país pelo controle de armas

O movimento surgido do "Marcha pelas nossas Vidas", organizada no dia 24 de março por sobreviventes do tiroteio numa escola de Parkland, Florida (EUA), marchará pelo país em defesa do controle de armas

estudantes nos EUA

O principal objetivo é promover o registro eleitoral de jovens, nomeadamente nos locais onde aconteceram tiroteios recentemente, e denunciar políticos e candidatos às eleições legislativas de novembro que são financiados pelo lobby de armas e que têm bloqueado a regulação do acesso às armas.

A primeira ação em que o movimento irá participar será a "Marcha pela Paz" que, anualmente, os estudantes da Saint Sabina Academy, uma escola de Chicago, realizam no dia 15 de junho.

No dia 14 de fevereiro, um estudante matou 17 pessoas (14 estudantes e três trabalhadores) e feriu outras 17 com uma arma semi-automática AR-15, uma das mais populares nos EUA, numa escola de Parkland, Florida. As vigílias dos dias seguintes, com a participação de sobreviventes, ganharam dimensão nacional e culminaram com manifestações massivas na capital federal, Washington, D.C., e noutras cidades norte-americanas, desde 24 de março.

Colocar fim ao reino de terror do lobby de armas

O movimento surgido posteriormente assumiu como objetivo tornar o controle de armas um dos assuntos centrais das eleições intercalares de 6 de novembro, em que estarão em jogo os lugares na Câmara dos Representantes, um terço do Senado e em várias câmaras legislativas e cargos executivos a nível estadual.

A "Marcha pelas Nossas Vidas" defende a obrigatoriedade de uma verificação de antecedentes exaustiva e universal para quem quer comprar armas. Propõe ainda dar meios a agência federal responsável por esse controle e que seja financiado o estudo sobre a "epidemia das armas" nos EUA.

O movimento, em que participam estudantes de Parkland, exige ainda que sejam proibidos carregadores de armas de grande capacacidade e armas semi-automáticas. Entre 1994 e 2004 esteve em vigor uma moratória à venda de armas semi-automáticas, mas não foi renovada após fortes pressões do lobby das armas, através da poderosa Associação Nacional de Armas (NRA, na sigla em inglês).

Um dos alvos da digressão nacional e pelo estado da Florida, que tem início dia 15, são precisamente as circunscrições eleitorais onde a NRA tem mais dinheiro investido na campanha eleitoral, através de candidatos que defendem a posse de armas sem restrições como uma liberdade individual fundamental.

No último mês, há registo de, pelo menos, cinco tiroteios com vítimas em escolas dos EUA, dois dos quais com vítimas mortais. No dia 18 de maio, em Santa Fe, Texas, oito estudantes e duas professoras de uma escola secundária foram mortos em um tiroteio, que deixou outros 13 feridos.