Padilha admite que desconto de R$ 0,46 no diesel não chega nas bombas

A redução de R$ 0,46 no preço do litro de óleo diesel anunciado pelo governo para encerrar a paralisação dos caminhoneiros não será imediato como havia afirmado o governo na negociação com os grevistas.

Padilha - EBC

A informação foi dada pelo ministro ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), nesta quarta-feira (6) em entrevista à rádio CBN, reconhecendo que o acordo feito com os caminhoneiros não vai será prontamente atendido.

"O 46 não é imediato. O 46 depende do estoque que tinha o posto e depende também do preço médio no Estado, que varia", disse Padilha, justificando que o valor do combustível não vai reduzir devido a fatores como a incidência do imposto estadual ICMS e ainda empurrou a culpa para os postos de combustível que, segundo ele, não apliquem uma redução mínima de R$ 0,41.

O Preço Médio Ponderado Final (PMPF), citado por Padilha, é o índice que serve como base para cálculo do ICMS sobre o preço do diesel C (com 10 por cento de biodiesel). Porém, a redução proposta pelo governo apenas incide sobre o diesel puro.

Frente

O valor do diesel é mais um dos problemas do governo Temer com os caminhoneiros. Segundo o representante do Comando Nacional do Transporte (CNT), Ivar Luiz Schmidt, a tabela de preço do frete promete ser mais um incentivo para que os caminhoneiros voltem a paralisar o país.

Isso porque há uma movimentação por parte das empresas transportadoras e o governo para derrubar a tabela de preços mínimos de frete

"Se essa tabela cair, vai ter uma greve pior que a última. E aí não vai ter negociação, pois eles vão querer provar para o mundo que são fortes, vai ser uma grande revolta", diz Ivar.

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está re-elaborando os cálculos e deverá apresentar um novo resultado. "Esperamos que se encontre um denominador comum e não prejudique o caminhoneiro. Caso contrário, podem esperar uma nova rebelião”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José Fonseca Lopes.

Fonseca afirma que uma tabela de preço mínimo vinha sendo negociada no Congresso antes da greve e da medida provisória ser emitida. Já Schmidt afirma que desde 2016 essa proposta vem sendo negociada, sem sucesso – ignorando as condições precárias nas quais vivem os motoristas de caminhão no Brasil.