Acuado, Macri aumenta o poder das Forças Armadas

Parece que virou regra neste continente, se o cerco fecha, os governos neoliberais convocam as Forças Armadas. Diante da falta de habilidade para negociar com os caminhoneiros em greve, Temer disse que pediria ajuda do Exército para desobstruir as vias, já na Argentina, Maurício Macri anunciou nesta terça-feira (29) que quer aumentar o poder das Forças Armadas para que estas colaborem com as forças de segurança pública.

Maurício Macri - Politica Argentina

Estas convocações precipitadas das tropas do Exército não mostram só que estes governos de Estados falidos estão acuados, mas também que não valorizam o verdadeiro papel destas Forças Armadas. Afinal, não é função do Exército cuidar de manifestações – por sinal, legítimas.

Na Argentina, Macri aproveitou a comemoração do Dia do Exército para fazer o anúncio. “Necessitamos que as Forças Armadas dediquem maiores esforços na colaboração com outras áreas do Estado, por exemplo, oferecer apoio logístico às forças de segurança [pública], para cuidar dos argentinos diante das ameaças e desafios atuais”, declarou Macri.

Macri disse ainda que os militares poderiam contribuir “com a política exterior” e que “as Forças Armadas são um grande instrumento”. “Necessitamos que as Forças Armadas se adaptem às ameaças do século 21, e que estejam preparadas para enfrentar os problemas que hoje nos preocupam. Que contribuam na política exterior para gerar confiança e reconhecimento a nível nacional”, disse o mandatário.

O decreto 727 da Constituição argentina, assinado em 2006 pelo ex-presidente Néstor Kirchner, estabelece que, de acordo com a Lei de Segurança Interior, as Forças Armadas ficam impedidas de atuar em assuntos internos do país, como patrulhar fronteiras ou reprimir manifestações sociais.

Ou seja, sem capacidade de diálogo ou habilidade política para resolver os problemas internos de forma civilizada, Macri (e Temer) apelam para a força.