Petroleiros reivindicam aumento da produção em “esquenta” para greve 

Com o lema “Deixe o petroleiro trabalhar que o preço do combustível vai baixar” a Federação Única dos Trabalhadores (FUP) realizou nesta segunda-feira (28) um Dia Nacional de Luta pelo Brasil em defesa das refinarias da Petrobras. Os atos desta segunda são um "esquenta" para a paralisação de 72 horas aprovada pelos trabahadores. 

Por Railídia Carvalho

Pólo Industrial Guamaré (RN). Dia Nacional de Luta 28 de maio de 2018 - Sindipetro-RN

Petroleiros denunciam que a alta dos combustíveis está relacionada à política do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, de reduzir a produção das refinarias brasileiras com o objetivo de privatizar.

O aumento abusivo dos combustíveis resultado da orientação do governo de Michel Temer foi exposto pela greve dos caminhoneiros autônomos, que há uma semana protesta contra a alta do diesel. Desde abril, os petroleiros cogitam a realização de uma greve geral por tempo indeterminado. O movimento ganhou força com o anúncio de privatização das refinarias anunciado no dia 19 de abril por Pedro Parente.

   Bahia

“O Governo reduziu a produção interna, colocou nossas refinarias à venda e optou por importar combustível do exterior. Como consequência o preço aumenta, pois está vinculado ao preço internacional do barril de petróleo. O brasileiro paga a conta dessa política”, afirmou ao Portal Vermelho Paulo Neves, diretor da FUP.

Neves ainda lembrou que apesar da pauta comum entre o movimento dos petroleiros e dos caminhoneiros há uma diferença nas soluções reivindicadas por cada um deles. “Os caminhoneiros querem a redução dos impostos enquanto nós reivindicamos o aumento da produção nacional com o petróleo brasileiro, em nossas refinarias, para assim garantir um preço mais baixo.”.

Refap
                                                                    Repar-SC
Entre as refinarias colocadas à venda está a refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS). De acordo com Fernando Maia, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (RS), os trabalhadores estão mobilizados desde o sábado (26) com atrasos na entrada e troca de turno. São 800 trabalhadores em Canoas. A previsão do sindicalista é que 80% se incorpore a greve. Segundo ele, os demais 20% são gerentes e supervisores.

“O Pedro Parente e a política que ele defende não é novidade. Em 2001 quando a Petrobras fez troca de ativos com a Repson espanhola, a Refap entrou na negociação. Quando veio o nome dele para a presidência sabíamos o que estava por vir. Essa é a política do Parente e do PSDB que tem como meta acabar com a Petrobras e entregar para o capital estrangeiro”.

Fatura do golpe
                                                                 Paraná
De acordo com Paulo Neves, o governo de Michel Temer inverteu a política do governo anterior em relação às refinarias, por exemplo.

“Havia um processo de ampliação do parque de refino. Refinarias estavam sendo construídas no Rio de Janeiro, Maranhão e em Pernambuco. Agora a política é privatizar: terminais de armazenamento, dutos de transferência, fábricas de fertilizante, tudo foi posto à venda por essa gestão”.

O dirigente usou um exemplo para mostrar o quanto é escandaloso o processo de privatização que Pedro Parente comanda. “Levamos anos e anos para construir todo um parque de transferência e estocagem, são quilômetros de tubulação, muitos tanques e bombas de transferência, que que agora vão ser vendidos por um décimo do valor nominal para que depois a gente tenha que pagar aluguel para transferir e escoar a nossa produção”, explicou Neves.

Narrativa do mercado financeiro
                                                                    Minas Gerais
Segundo ele, o maior desafio neste momento é esclarecer a população sobre os impactos da privatização da Petrobras. “Não é fácil explicar o impacto dessa recondução da política do petróleo nacional. A mídia hegemônica não nos dá abertura para que a visão dos trabalhadores seja colocada. O que prevalece nos grandes jornais é a opinião do mercado financeiro”.

Ainda de acordo com ele, alguns trabalhadores ainda mantém a esperança de que podem permanecer com os empregos após a privatização das refinarias. “Temos conversado com os trabalhadores e lembrado que as privatizações dos anos Fernando Henrique geraram demissões. O que vai acontecer é que as empresas que comprarem as refinarias vão demitir os trabalhadores que estão hoje para contratar mão de obra com baixa qualificação e baixos salários”, contou Neves.