A injusta punição a Paolo Guerrero

Na última terça-feira (23), o ex-craque, Diego Maradona, soltou em sua página oficial no Facebook uma publicação em apoio ao jogador peruano Paolo Guerrero, que acaba de ter sua punição estendida para 14 meses por parte do Tribunal Arbitral do Esporte, o que o tira da Copa do Mundo, que será realizada em junho. Outros atletas também já se pronunciaram em favor do jogador, mas as autoridades, seguem irredutíveis.

Por Thiago Cassis

Paolo Guerreiro - Divulgação

O atleta peruano enfrenta a suspensão porque em seu exame anti-doping, após a partida contra a Argentina no dia 5 de outubro, válida pelas eliminatórias para a Copa, foi encontrada a substância benzoilecgonina, um metabólito da cocaína, algo que pode ser encontrado apenas na própria droga ou no chá de coca. Segundo o atleta, ele teria consumido apenas o chá.

Voltando no tempo, mais precisamente ao ano de 1991, quando em março, Maradona, jogador do Napoli na época, após um exame na partida contra o Bari, teve detectado o uso de cocaína ficou fora dos gramados por 15 meses. Após retornar em 1992, o jogador já não era o mesmo. Mas em 1994, passou 6 meses entrando em forma para disputar o Mundial daquele ano, mas logo depois da segunda partida da Copa, contra a Nigéria, teve mais uma vez o exame positivo, dessa vez para efedrina, substância usada para emagrecer. Mais 15 meses fora do esporte.


Maradona, a caminho do exame que o tirou da Copa de 1994

Por conta de já ter sofrido consequências graves para sua própria carreira no futebol, devido ao uso de cocaína e de substâncias consideradas ilegais, Maradona se solidarizou com o peruano Guerrero, autor do gol do segundo título mundial do Corinthians em 2012, e escreveu “que hoje (ontem) quero estar ao lado de Paolo Guerrero, nesse momento tão feio, que eu também passei…”, “Se a nova FIFA condena aqueles jogadores que fazem as pessoas felizes, por ter cometido um erro, não deveria lhes tirar o trabalho, deveriam ajudar para que se curem”.

Na sequência Maradona apresentou o seu caso (que colocamos acima) e após demonstrar confiança no atual presidente da FIFA, desejou ver Guerrero nos gramados russos durante a Copa.

Algo precisa ser colocado, independente do importante apoio de Diego Maradona. O atleta afirma ter consumido o chá de coca, que é algo cultural em seu país. Se fosse um jogador espanhol, país que afinal de contas, impôs violentamente seus hábitos e língua para a população da qual provém Guerrero, o jogador em questão sofreria a mesma punição? Se uma bebida portuguesa, por exemplo, pudesse tirar Cristiano Ronaldo da Copa, isso seria levado adiante?

Os capitães de Austrália, França e Dinamarca, adversários do Peru na primeira fase do Mundial, assinaram uma carta para a entidade máxima do futebol, pedindo para que Guerrero esteja em campo, e o próprio atleta se reuniu nesta terça-feira (22) com o presidente da FIFA e o presidente da Federação Peruana de Futebol para tentar solucionar o caso, mas por hora, todos esses esforços foram em vão.

Que atletas viciados em quaisquer substâncias precisam de apoio e não de punição, isso é fato. Mas e hábitos culturais seculares, precisam de punição, da mesma forma que povos do nosso continente mereceram apenas por estarem cercados de matérias-primas que interessavam aos europeus?

Esse é um debate complexo, e que ao que tudo indica, seguirá sem solução, e Guerrero, deve assistir a Copa de sua terra natal, longe dos gramados da Rússia.