Governo troca Cide por reoneração da folha, mas não tem garantias

A paralisação dos caminhoneiros autônomos, contra os sucessivos aumentos, levou o governo a reduzir um dos tributos que incidem sobre o preço do diesel.

michel temer

Pelas redes sociais, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) será zerada. A mudança foi acertada por ele e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB) com o governo, em troca da aprovação do projeto de reoneração da folha de pagamento de diversos setores para cobrir o buraco que a redução da Cide vai deixar para reduzir o preço do diesel.

A solução foi para dar uma resposta rápida ao movimento e tentar esvaziar o protesto dos caminhoneiros. Mas o cancelamento dos atos não aconteceu. A paralisação, iniciada na segunda (21), deve continuar na quarta-feira, apesar do aceno do governo.

O governo ficou num beco sem saída. Não pode reduzir impostos sem compensações, ainda mais num período pré-eleitoral. Como enfatizou o presidente da Petrobras, não haverá mudanças na política de preços dos combustíveis, já que isso comprometerá as contas do governo, zerando o caixa e ainda prejudicará os planos de pavimentação para a entrega do setor ao capital estrangeiro.

ao mesmo tempo, tinha que dar resposta rápida ao movimento que contava com o apoio da grande mídia. Arrastar tão situação prejudicaria inclusive os planos de Temer em costurar uma aliança com os demais partidos da direita nas eleições de outubro. Nesta terça (22), o MDB anunciou oficialmente a candidatura de Henrique Meirelles ao Planalto.

A solução apresentada por Maia e Eunício foi aceita porque não havia outra saída, mas condiciou a aceitar a medida desde que fossem retirados os diversos setores da indústria incluídos na desoneração da folha de pagamento.

O relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), defende no parecer a manutenção do benefício, mas para os setores que mais empregam. Segundo ele, a proposta é reduzir o total de 56 setores beneficiados, mas para um número maior que os seis propostos pelo governo.

Apesar de demonstrar que tudo está acertado, o governo não tem garantia nenhuma de que seus planos em relação do projeto de reoneração vai dar certo, até porque os empresários do setor afetado pela medida devem pressionar para manter os benefícios. em um ano eleitoral, tão pressão é elevada à décima potência.