Massacre contra palestinos faz Gilberto Gil a cancelar show em Israel

Gilberto Gil cancelou o show que iria realizar em Israel no próximo dia 4 de julho, segundo Ancelmo Gois, colunista de O Globo. O banho de sangue promovido pelo governo israelense, na fronteira da Faixa de Gaza, que já matou 118 palestinos desde o último dia 30 de março, quando começou a Grande Marcha do Retorno, fez o músico desistir de tocar no país.

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Em 2015, Gil e Caetano Veloso não atenderam ao apelo do cantor e compositor inglês Roger Waters, ex-Pink Floyd, para boicotarem Israel por causa do extermínio de palestinos e mantiveram a apresentação em Tel Aviv. Na oportunidade, os músicos criticaram a ocupação da Palestina pelo governo sionista.

O diretor artístico do Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa, o português Tiago Rodrigues, também cancelou sua participação em um festival organizado pelos israelenses, que vai ocorrer em junho, em Jerusalém, e decidiu aderir ao movimento de boicote cultural a Israel. “Na convicção de que a pressão global e coletiva poderá produzir resultados semelhantes aos do boicote à África do Sul durante o Apartheid".

Em nota divulgada à imprensa, ele elenca os motivos que o levaram a desistir de se apresentar em Israel. "Decidi não apresentar meu espetáculo no Israel Festival, em junho, porque acredito que é a única forma de garantir que meu trabalho artístico não servirá para justificar ou apoiar um governo que comete deliberadas violações dos direitos humanos e está atualmente a atacar violentamente o povo palestino."

Ele conta que inicialmente tinha aceitado o convite porque povo e governo não são a mesma coisa. Mas que recuou ao saber que os organizadores do evento estavam agregando aos comunicados oficiais do festival, as comemorações dos 70 anos da criação do Estado de Israel. "Quando apresento espetáculos nos EUA, por exemplo, faço teatro para americanos mas não estou, com isso, a subscrever a atuação da administração Trump. Se estivesse a agir em relação à administração Trump, seria contra", ressalta.

A falta de crítica dos organizadores do evento à posição de Israel em relação aos massacres de palestinos também irritou o português. "A menção desta celebração por parte do festival não é acompanhada de uma única palavra de crítica à conduta do Estado de Israel face ao povo palestino durante os últimos 70 anos. Este é um anúncio de grande significado político sobre o qual não fui informado quando fui convidado a participar do festival. Não aceito que o meu trabalho artístico seja usado com motivos políticos sem o meu acordo", enfatiza.

“A organização do festival anuncia com grande destaque o apoio de vários ramos do governo israelense, mas mantém silêncio no que toca aos inaceitáveis atos de violência ordenados por esse mesmo governo contra o povo palestino. Esta omissão é profundamente perturbadora e não posso aceitá-la", alfineta.

Rodrigues, que também é ator e dramaturgo, considera que por ser diretor artístico de um teatro nacional, sua decisão pode causar desconforto no plano diplomático, mas que não o impede de rechaçar Israel. "Foi uma decisão ponderada e devo, acima de tudo, obedecer à minha consciência”, frisa. O espetáculo By Heart em que ele iria se apresentar já foi exibido em Roma, Trodheim (Noruega), Amsterdam, Rennes e Marselha (França) e Atenas.

Cada vez mais vozes se levantam contra a repressão israelense aos palestinos. Recentemente a atriz israelense Natalie Portman, vencedora do Oscar de melhor atriz, em 2011, pelo filme Cisne Negro, recusou o prêmio da Fundação Gênesis de Israel, conhecido como o Nobel Judaico. A organização do prêmio informou que um assessor da atriz enviou comunicado declarando que os recentes acontecimentos (massacre de palestinos na Faixa de Gaza) a incomodaram profundamente e que ela não estaria em paz com a consciência se participasse de algum evento em Israel.

Natalie, que vive nos Estados Unidos desde os três anos de idade, receberia um prêmio avaliado em U$ 2 milhões das mãos do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O boicote à premiação não foi a primeira crítica dela ao governo de Israel. Em 2015, após a reeleição de Netanyahu, Natalie disse em uma entrevista que lamentava sua reeleição. "Estou muito, muito chateada e desapontada por ele ter sido reeleito", frisou ao afirmar que repudiava os comentários racistas do primeiro-ministro.

A atriz brasileira Daniele Suzuki também teceu recentemente críticas contundentes a Israel, em sua página no Instagram, sobre a repressão israelense contra crianças e adolescentes palestinos.