MBL reclama de programa do Facebook contra fake news

Um programa de controle das chamadas fake news (notícias falsas), lançado na semana passada pelo Facebook no Brasil, está deixando os integrantes de grupos da extrema direita enfurecidos. Eles acusam a rede social de praticar "censura" e de propagar ideias "esquerdistas".

Kim Kataguiri - Divulgação

A raiva foi tanta, que alguns jornalistas das agências Lupa e Aos Fatos, associados ao Facebook, denunciaram ameaças que podiam chegar, inclusive, a membros de suas famílias.

"Ataques pessoais, difamação e ameaças. É completamente intolerável", declarou nesta segunda-feira (21) a diretora da Lupa, Cristina Tardáguila, à rádio CBN, sem detalhar o teor das ameaças.

De acordo com ela, o Facebook está desenvolvento um programa para censurar o que eles classificam de "notícias falsas" em vários países. Esse programa é elaborado com meios de comunicação como a AFP e a Associated Press nos Estados Unidos, ou seja, eles vão definir o que ´ou não notícia, como já fazem nos seus veículos, podendo manipular e ditar o que deve ou não ser divulgado, de acordo com os seus interesses. Seus sócios são membros da Rede Internacional de Fact-Checking (IFCN).

O Facebook, como já tem feito, não suprime as notícias identificadas como "falsas", mas as torna menos visíveis e adverte sobre o seu caráter duvidoso aos usuários que quiserem compartilhá-las.

Mas o MBL, que é conhecido por propagar fake news contra seus adversários políticos, não gostou da proposta. "De notícias falsas o termo passou a abranger toda e qualquer informação que desagrade o sistema de sempre, de esquerda, progressista, revolucionário e politicamente correto", afirmou Arthur do Val, um dos líderes do MBL em um vídeo publicado no YouTube.

"Querem asfixiar a direita", reclamou Renan Santos, outro líder do movimento.

Alexios Mantzarlis, diretor da IFCN, expressou sua "preocupação" por essa campanha que é feita a poucos meses das eleições de outubro, em uma coluna publicada na quinta-feira passada no jornal Folha de S.Paulo.

"A IFCN vem acompanhando o processo em todos os países. Tem sido extremamente tranquilo, teve algum tipo de ataque nas Filipinas, mas absolutamente nada comparado ao que esta acontecendo aqui", escreveu.