Professores em estado de atenção, unidos e fortalecidos em MG

Uma análise sobre a atual conjuntura do estado de Minas, que talvez nos ajude a compreender melhor as nossas ações daqui em diante, se faz necessária. 

Por Mônica Junqueira Cardoso Lacerda*

Mônica Junqueira Cardoso Lacerda é professora do setor privado, supervisora na rede pública estadual e dirigente Sindical do Sinpro Minas Gerais. - reprodução

Precisamos ter muito discernimento pra entender que, por mais difíceis que estejam as nossas condições de trabalho atualmente, já vivemos tempos muito piores, em épocas em que fomos governados pela direita conservadora que prioriza, obviamente, as elites, o capital financeiro, em detrimento da classe trabalhadora. Basta entender-se como classe trabalhadora e definir de que lado pretende-se ficar, do seu, ou o do seu opressor? Não deixaremos de lutar por nossos direitos, mas precisamos entender vários processos para definir o que queremos para o nosso futuro. Lembramos que hoje vivemos, em nível nacional, no pós-golpe, uma ascensão do conservadorismo, um retrocesso na mudança da composição da sociedade brasileira, que, nos anos Lula e Dilma, havia se transformado graças aos programas governamentais de transferência de renda, inclusão social e erradicação da pobreza, à política econômica de emprego e elevação do salário mínimo, à recuperação de parte dos direitos sociais das classes populares (sobretudo relativos à alimentação, saúde, educação e moradia), à articulação entre esses programas e o princípio do desenvolvimento sustentável e aos primeiros passos de uma reforma agrária que permitia às populações do campo não recorrer à migração forçada em direção aos centros urbanos.

Basta analisar a atual conjuntura nacional e questionar: é isso que queremos para o estado de Minas Gerais, que a direita retorne ao poder? Hoje o capitalismo se torna financeirizado, se desvincula dos meios de produção e vivenciamos um processo de financeirização da economia, com modos de organização social que contribuíram até para o golpe de estado que sofremos e sentimos os reflexos disso nos estados e municípios. Vários fatores contribuem para a financeirização da economia: uma nova divisão internacional do trabalho pós-fordista, mudança do modo de produção, produção multilocal, transnacional, em países periféricos, de mão de obra barata, baixo custo dos transportes, revolução das tecnologias de comunicação, protagonismo do Banco Mundial e do FMI, leis que regulam lucros e dividendos, direito internacional que facilita os litígios, crescente perda de autonomia dos países sobre sua própria economia e uma cartilha neoliberal com abertura para o capital estrangeiro.

Essa última dobra do modo de produção capitalista envolve vários atores sociais e embate de forças. Vivemos a narcotização da existência, ou seja, no modo de vida atual somos consumidos pelas tecnologias, dispensamos nelas todas as nossas energias e não nos mobilizamos para agir em tempos de hegemonia de um modo de vida branco, masculino e heteronormativo e isso dificulta modos de vida diferentes, criando uma rede complexa de relações. Somos podados em nossa capacidade imaginativa de pensar outros modos de existência.

Porém, somos a própria resistência e precisamos nos fortalecer para desestabilizar o perverso modelo de capitalismo financeiro, criando um modo de vida que esteja em dissonância com o modo padrão. Movimentos inconformes ajudam a apontar caminhos de reinvenção das esquerdas. Vamos entregar nosso estado de bandeja aos fascistas? Precisamos unir esforços e ter ciência sobre o momento difícil que enfrentamos para fazer nossas escolhas assertivas nas urnas. Rejeitamos um projeto de governo neoliberal e sofremos um golpe de estado, precisamos estar unidos, fortalecidos e esclarecidos para não permitir que esse mesmo programa de governo seja implantado em nosso estado e, pior, com o nosso consentimento. Queremos construir um mundo melhor para todos ou um mundo melhor para poucos, em detrimento da maioria? Escolha de que lado você está! Escolha e saberá se vamos contigo!

*Mônica Junqueira Cardoso Lacerda é professora do setor privado, supervisora na rede pública estadual e dirigente Sindical do Sinpro Minas Gerais.