Lev Yashin: o maior goleiro de todos os tempos

É impossível falar sobre a história do futebol na União Soviética sem falar sobre Lev Ivanovich Yashin. Afinal, não se trata apenas do maior jogador soviético, mas também do maior goleiro de todos os tempos. Não é por acaso, portanto, que sua imagem ilustre o poster da Copa do Mundo FIFA 2018, desenhada pelo artista Igor Gurovich. E é sobre o Aranha Negra que vamos falar hoje.

Por Emanuel Leite Jr.*

Copa 2018 futebol

Lev Yashin nasceu em Moscou, no dia 22 de outubro de 1929. Em toda sua carreira, vestiu apenas as cores do Dínamo Moscou, com o qual conquistou cinco campeonatos soviéticos e três copas nacionais. Defendeu a seleção soviética em 78 partidas, conquistando o ouro olímpico em 1956, sagrando-se campeão europeu em 1960 e chegando à semifinal da Copa do Mundo em 1966. O Aranha Negra, como era conhecido por conta de seu uniforme todo preto, é considerado o maior goleiro de todos os tempos e é, até hoje, o único jogador da posição a ter sido premiado com a Ballon d'Or (1963). Em 1967, recebeu a maior condecoração da União Soviética, a Ordem de Lenin.

Filho de uma família de operários, Yashin não teve vida fácil até se firmar no time principal do Dínamo. Começou a trabalhar numa fábrica de armas aos 15 anos de idade, assim que retornou a Moscou em 1944 (havia se mudado devido à Grande Guerra Patriótica). Foi no time dessa fábrica que ele começou a jogar futebol, destacando-se a tal ponto que, em 1949, chamou a atenção do então maior campeão soviético, Dínamo Moscou.

O início da carreira de Yashin poderia ter custado o fim de sua história no futebol. O goleiro estreou com a camisa do Dínamo em um amistoso em 1950. Entretanto naquele ano só faria dois jogos. Ter sofrido um gol do goleiro adversário num chutão de uma barra a outra não ajudou em sua imagem junto à comissão técnica. Sem desistir do esporte, ele passou a ser goleiro do time de hóquei no gelo do Dínamo, com o qual seria campeão da Copa Soviética em 1953. Nesse ano, quando era cogitado para defender a seleção do país no Mundial da modalidade, viu as portas serem reabertas no time de futebol do Dínamo, com as saídas de Valter Sanaya e Alexei Khomich. A partir daí Yashin se transformaria em lenda.

Hoje em dia se fala muito de Manuel Neuer e a contribuição do alemão na construção do jogo. Porém, Yashin no seu tempo já exercia a função de “goleiro-líbero”, quando começou a distribuir o jogo, sair da área para se tornar mais uma opção de passe e a fazer lançamentos precisos. Além disso, também se notabilizaria pelo seu enorme talento debaixo das traves. Atingiu a marca de 270 partidas oficiais sem sofrer gols e a FIFA reconhece que ele defendeu mais de 150 pênaltis na carreira, graças ao seu grande reflexo e sua enorme elasticidade (características que lhe renderiam o apelido de “Aranha Negra”).

Yashin encerraria a carreira em 1970, aos 40 anos. Naquele ano, foi campeão da Copa Soviética e, como prêmio, foi convocado para a Copa do Mundo como o terceiro goleiro. No total, esteve em quatro Copas do Mundo, tendo disputado 12 jogos nas edições em que entrou em campo: 1958, 1962 e 1966.

Em 1971, mais de 100 mil pessoas lotaram o Estádio Lenin em Moscou para um amistoso de despedida. No time adversário, lendas como Pelé, Eusébio, Franz Beckenbauer, Bobby Charlton e Gerd Müller marcaram presença.

Ícone do futebol soviético, Yashin era também um símbolo para toda a sociedade, um exemplo a ser seguido. Após sua aposentadoria, foi nomeado vice-presidente da Federação Soviética de Futebol. O Aranha Negra faleceu aos 60 anos de idade, em 20 de março 1990, vítima de um câncer no estômago. Em 1997, o Dínamo Moscou, único clube em que atuou em toda a carreira, ergueu uma estátua em sua homenagem.

O poster da Copa da Rússia 2018 destaca a figura de Lev Yashin