Tucanos voam livres como sabiás

As recentes decisões judiciais em favor de lideranças tucanas escancararam a parcialidade da justiça brasileira em favor do PSDB.

Por Chico Vigilante*

Parcialidade do judiciário com os tucanos - Reprodução

A semana começou com a remessa dos processos do senador Aécio Neves para serem jugulados pelos seus compadres da 1ª instância da justiça de Minas Gerais e terminou com a liberdade do operador dos tucanos paulistas Paulo Preto, beneficiado por um habeas corpus, concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Preso no início de abril, o ex-diretor da Dersa está envolvido em denúncias de desvios de recursos no trecho sul do Rodoanel, nas gestões dos governadores José Serra e Geraldo Alckmin. Autoridades suíças identificaram que Paulo Preto mantinha o equivalente a R$ 113 milhões, em quarto contas no exterior. O operador tucano foi libertado justamente quando começam a surgir, na imprensa, rumores de que ele estaria disposto à firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público.

Não podemos deixar de mencionar que, também esta semana, o Ministério Público Estadual de São Paulo retirou das mãos do promotor do Patrimônio Público e Social o inquérito civil que investiga o tucano Geraldo Alckmin por suspeita de improbidade administrativa nos supostos pagamentos de R$ 10,3 milhões via caixa 2, delatados pela Odebrecht na Lava Jato. Para o ex-prefeito, Fernando Haddad, o tramando foi outro. O Ministério Público Eleitoral denunciou o petista à Justiça Eleitoral sob a acusação da prática de caixa dois na campanha de 2012.

É evidente a parcialidade e a caçada implacável que um setor partidarizado da justiça e do Ministério Público vem promovendo contra o PT e contra as lideranças petistas. O companheiro João Vaccari não teve o mesmo benefício que Paulo Preto. Os delatores da Lava Jato foram coagidos, por meio de prisões preventivas arbitrárias, a criminalizarem o PT. Não são poucos os casos de delatores que mudaram versões de depoimentos para construírem as narrativas de acusação do Ministério Público contra o PT, após meses de prisões preventivas ilegais.

Diante de tantos arbítrios e dessas inúmeras parcialidades, onde estão as panelas daqueles que foram às ruas, manipulados pelas Organizações Globo, contra a corrupção e contra a honesta presidenta Dilma? O discurso recorrente não era de que as mobilizações não eram partidárias contra o PT, mas sim contra todos os corruptos? Não iriam tirar a Dilma e depois tiravam qualquer político que estivesse envolvido em casos de corrupção?

A realidade é que uma quadrilha se instalou no Palácio do Planalto, com gravações envolvendo o próprio traidor Temer e seus assessores carregando malas de dinheiro, e as panelas das varandas gourmets silenciaram. Essa é a prova cabal de que o golpe nunca foi contra a corrupção. Afinal, Dilma sequer é ré em qualquer processo de corrupção. O golpe sempre foi um golpe de classes, um golpe contra os avanços sociais e as conquistas dos mais pobres e dos trabalhadores e das trabalhadoras, ao longo dos governos Lula e Dilma.

A atuação partidarizada da justiça faz parte dessa estratégia golpista de exterminar o Partido dos Trabalhadores e de impor um projeto de poder da elite. Não por acaso, a maior liderança popular da história do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, está jogado, de forma absurda e injusta, em uma solitária na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

Para eles, Lula, líder em todos as pesquisas e em todos cenários da corrida presidencial de outubro, é uma ameaça real contra os privilégios da elite. Eles sabem que, em eleições justas e livres, Lula e as forças democráticas derrotarão o golpe. Por isso, eles precisam manter Lula silenciado e alijado da disputa, enquanto os tucanos, beneficiados pela parcialidade do judiciário, continuam livres, leves e soltos para voarem como sabiás.

*Chico Vigilante é Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF