Representantes do Brasil e da ONU discutem conquistas do Mais Médicos

Entre janeiro de 2013 e de 2015, o número de consultas realizadas como parte da Estratégia Saúde da Família aumentou 33% nos municípios que aderiram ao programa. Já nas cidades que não estavam incluídas no Mais Médicos, o crescimento foi menos que a metade.

Mais médicos

Em Havana, representantes dos governos cubano e brasileiro e especialistas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apresentaram no final de abril um panorama do Mais Médicos. Em 2015, mais de 70% dos municípios do Brasil já haviam aderido ao programa, implementado desde 2013. Iniciativa permitiu expandir a cobertura da atenção básica e reduzir internações evitáveis.

“A desigualdade diminuiu de uma maneira notável entre os municípios mais ricos e mais pobres do país. O Mais Médicos hoje segue e se fortalece, contribuindo para a equidade em saúde de uma maneira importante”, afirmou o diretor da OPAS no Brasil, Joaquín Molina, durante a Convenção Internacional Cuba Saúde 2018.

Também presente no evento, Yiliam Jiménez, diretora-geral da Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos, do Ministério da Saúde Pública de Cuba, lembrou as diferenças entre o país caribenho e a nação brasileira no que diz respeito ao acesso à saúde. O Brasil tem 1,8 médico por mil habitantes. Cuba tem 7,7.

“Mas cremos que tanto o governo brasileiro quanto o cubano seguiram desde o início o princípio de Alma-Ata, de saúde para todos, de equidade em saúde, de cobertura universal. E ambos os países tiveram a oportunidade de contar com a OPAS, o que permitiu uma cooperação trilateral para beneficiar a população brasileira e cubana, dando um exemplo do resultado que dois países do hemisfério Sul podem alcançar.”

Denilson Campello, diretor do Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais de Saúde, do Ministério da Saúde brasileiro, explicou as modalidades de cooperação dentro do Mais Médicos.

“Dentro do trabalho e da governança do Mais Médicos, existem duas situações muito parecidas de discussões tripartite. Temos a cooperação, que é o trabalho feito com Cuba e OPAS para fazermos ajustes e buscarmos novas ideias, a fim de melhorar o serviço do programa para o usuário final. E temos a tripartite no Brasil, com CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), onde sentamos, discutimos e aprovamos todas as ideias e ajustes necessários ao programa.”

Conquistas do Mais Médicos

Estudos coletados pela OPAS na Plataforma de Conhecimentos Programa Mais Médicos revelam avanços no acesso à saúde. No primeiro ano do programa, a cobertura de atenção básica aumentou de 10,8% para 24,6% no Brasil. O programa também contribuiu para a ampliação da Estratégia de Saúde da Família, que viu seu alcance entre a população crescer de 62,7% para 70,4%, também em 2013.

Em dois anos — de janeiro de 2013 a janeiro de 2015 —, o número de consultas realizadas como parte da Estratégia de Saúde da Família aumentou 33% nos municípios do Mais Médicos. Já nas cidades que não estavam incluídas no programa, o crescimento foi de 15%.

Antes da implementação da iniciativa, as taxas de internação por problemas que podem ser prevenidos e tratados na atenção primária já́ vinham diminuindo no Brasil. De 2009 a 2012, houve uma queda de 7,9% nessas hospitalizações. No entanto, a redução foi maior após o Mais Médicos — 9,1% entre 2012 e 2015. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, a diminuição foi ainda mais expressiva, chegando a 21% e 19%, respectivamente. A média nacional também foi superada nas cidades que possuem entre 100 e 200 mil habitantes (18,2%) e entre 30 a 100 mil habitantes (15,8%).

Segundo dados da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde do Brasil (SESAI), ao longo de dois anos de Mais Médicos, 339 profissionais foram incorporados aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Na comparação com agosto de 2013, esse contingente representa um aumento de 79% no total de clínicos trabalhando nesses territórios.

Satisfação

Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), apresentou avaliações positivas da população sobre o desempenho dos profissionais brasileiros e estrangeiros que integram a iniciativa. Dos 14 mil entrevistados, 95% afirmaram estar satisfeitos com o programa. De 0 a 10, deram nota 8,4. Entre os indígenas, a média foi de 8,7.

O estudo More doctors for deprived populations in Brazil, publicado num boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que em mais de mil municípios que aderiram ao Mais Médicos, houve um aumento na cobertura de atenção básica de 77,9% para 86,3%, entre 2012 e 2015. Nas mesmas cidades, foi registrada uma queda nas internações evitáveis de 44,9% para 41,2%.