Lula: Prefeitura e governo do PR fazem dobradinha contra acampamento

O governo do Estado do Paraná retirou nesta terça-feira (8) o policiamento e liberou o trânsito na região do acampamento Lula Livre em Curitiba. Nesta quarta-feira (9) o prefeito da capital paranaense declarou em entrevista que acionou a Justiça Federal para retirar os manifestantes que fazem vigília de denúncia contra a prisão política do ex-presidente Lula. O acampamento começou no dia 7 de abril, quando o ex-presidente chegou à sede da Polícia Federal em Curitiba.

Militantes no acampamento Lula Livre em Curitiba - Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

“Não houve nenhuma negociação de parte nenhuma. Foi uma decisão unilateral da Secretaria do Estado da Segurança Pública. Além disso, agora carros podem subir e provocar acidentes graves. Nós cumprimos todas as demandas das negociações. Eles não. Se algo acontecer, a responsabilidade é de quem descumpriu o acordo”, denunciou nesta terça o presidente do PT no Paraná Dr. Rosinha em matéria no Brasil de Fato.      

O atentado à tiros contra o acampamento Marisa Letícia no dia 28 de abril levou ao acordo entre o acampamento, a prefeitura de Curitiba e o governo do Estado de que as viaturas seriam reforçadas no local. De acordo com a organização do acampamento, apenas foi cumprida a parte dos manifestantes, que abriram mão do equipamento de som. O acordo havia sido mediado pelo Ministério Público do Paraná e os poderes locais.

O prefeito Rafael Grega alega que quer proteger os moradores e afirmou na entrevista que os movimentos e o MST causariam antipatia a população de Curitiba. Segundo ele, manter o monitoramento do governo e da prefeitura custaria 10 mil reais por dia.

Em nota, a organização da vígilia Lula Livre reafirmou que manterá as atividades mesmo sem segurança. A programação permanece nas quatro tendas instaladas no acampamento. As caravanas continuam chegando e se incorporando às atividades, entre elas o “Bom Dia, Lula” e o “Boa Noite, Lula”. Sem equipamento de som, os cumprimentos a Lula nesta terça foram realizados em forma de jogral.

Esforço de organização interna

A organização do acampamento organizou equipes responsáveis pela rotina do acampamento como o recebimento de doações e o preparo das refeições. De acordo com matéria pública na agência PT de Notícias, são 7 mil refeições servidas por dia. O acampamento mantém ainda equipes de trabalho para cuidar da limpeza, saúde e segurança.

A dedicação dos militantes no acampamento cativou o funcionário público da prefeitura de Curitiba Gelsoli Bandeira dos Santos. Ele abriu a casa no bairro Santa Cândida onde mora com a esposa e filha para aqueles que querem tomar banho, carregar celular e tomar água. “Eu sei o que é sofrer no trecho, quando a gente pede água, o povo não dá, ou dá água quente. Então, o que eu puder fazer, eu faço mesmo”, completou o trabalhador que tem a experiência de trabalhar na rua.

Confira nota na organização da vigília Lula Livre em Curitiba      

As organizações que integram a Vigília Lula Livre denunciam a Prefeitura de Curitiba por ter desmarcado em cima da hora reunião agendada para o dia 9 (quarta), cuja pauta seria sobre a estrutura da vigília.

Denunciamos também o governo do estado por ter retirado hoje (8) parte da proteção policial de algumas ruas no entorno da Superintendência da PF, por ter reduzido o efetivo da Polícia Militar, colocando em risco manifestantes e a comunidade devido ao trânsito de carros e, já nesta madrugada, devido ao risco de violência contra manifestantes e contra o acampamento Marisa Letícia, como já foi observado em outros momentos.

Reafirmamos que mantemos na vigília nossa programação, atividades e quatro tendas instaladas, reforçando a disposição de lutarmos até a liberdade de Lula – livre, inocente e com direito a disputar as eleições.

Cobramos então das autoridades condições e segurança para realização do direito à livre manifestação, com diálogo e garantias, como temos feito desde o início.

Curitiba, noite do dia 8 de maio de 2018