Lewandowski: Precisamos tomar partido porque vivemos dias sombrios

Durante evento que reuniu acadêmicos, advogados e desembargadores em São Paulo, nesta segunda-feira (7), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, defendeu que, diante de "dias sombrios" é preciso "tomar partido" para garantir o respeito ao Estado Democrático de direito.

Lewandowski, Presunção de inocência, a mais importante salvaguarda - Foto: Carlos Humberto/Época

“Nós precisamos voltar a ser cidadãos, a tomar parte na política, a defender o Estado Democrático de Direito, as garantias fundamentais que estão na Constituição, sejamos nós advogados, juízes, jornalistas ou profissionais de outras áreas. Precisamos tomar partido porque hoje vivemos dias sombrios, difíceis. Temos que tomar partido nesta luta”, afirmou o ministro durante cerimônia em homenagem aos 70 anos que completa no próximo dia 11 de maio.

A cerimonia festiva se transformou num ato pela democracia. “Este é o momento em que é preciso que sigamos sem nenhum temor as bandeiras do Estado Democrático de Direito que generosamente foi construído pelos constituintes de 1988. Não há nenhuma possibilidade de recuo”, declarou.

Lewandowski resgatou que vem de uma geração do pós-guerra em que "o mundo não era um dado, mas era algo a ser construído”.

“Um planeta destruído pela guerra, que tinha saído dos mais terríveis genocídios que a humanidade jamais tinha visto. Era um momento em que as pessoas, sobretudo jovens, tinham que tomar uma posição em relação às coisas do mundo. Não era possível, como muitos fazem hoje, ficar em cima do muro”, comparou.

Diversos juristas endossaram o discurso do ministro do Supremo. Para o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, o país vive uma clara ameaça de ruptura constitucional. "E não pense que a ruptura institucional deve ser atribuída apenas às Forças Armadas ou à classe política. Há outras instituições que podem provocar a ruptura institucional. Eu temo muito, ministro, com o coração na mão, com a amizade e sinceridade que sempre pautaram o nosso relacionamento, eu temo muito pela ruptura provocada pelo Poder Judiciário", disse Mariz.