A expectativa mundial quanto a decisão dos EUA sobre o acordo nuclear

Desde sua posse, o presidente norte-americano não esconde sua aversão- mesmo que injustificada em termos de interesses pela paz global-  ao pacto assinado multilateramente por diversos países (entre eles a França e a China, ambos países que tentam lutar pela sobrevivência do acordo)

Por Alessandra Monterastelli *

Hassan Rouhani - Reuters

Apesar de ter o prazo até o dia 12 de maio, Donald Trump escreveu em seu Twitter (como de costume) que divulgará sua decisão quanto ao acordo nuclear com o Irã nessa terça-feira (8). Está acontecendo uma mobilização diplomática mundial, mesmo entre países com imensas diferenças políticas (como França e China), para tentar salvar o acordo nuclear multilateral assinado com o Irã, que Donald Trump, junto com Israel, tenta desmoralizar o acordo.

Hassan Rouhani, presidente iraniano, afirmou que pode continuar no pacto mesmo com a saída dos EUA. “O que o Irã quer é que nossos interesses continuem a ser garantidos pelos outros signatários. Nesse caso, livrar-nos da presença nociva dos Estados Unidos não nos incomoda".

O presidente iraniano discursou pela televisão pública, contestando a ameaça de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do acordo. "Se os Estados Unidos deixarem o acordo nuclear, vocês logo verão que eles vão se arrepender como nunca antes na história", declarou. Ele ainda mencionou a aliança dos EUA com Israel, que também tem procurado acusar o Irã de descuprir o acordo, sem apresentar provas. 

Na semana passada, Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, acusou o Irã (por meio de uma apresentação de Power Point em ótimo tempo, uma vez que na semana seguinte Trump deveria apresentar sua decisão final sobre o assunto) de manter escondido o desenvolvimento de seu programa nuclear, suspeita que não convenceu nenhum outro país além dos Estados Unidos.

Sabe-se que Israel exerce forte pressão no Congresso norte-americano por meio do lobby. O país, que antes era a única potência do Oriente Médio, não gosta da ideia de ter que dividir esse reconhecimento com o Irã, que aumenta cada vez mais a sua influência na região. Em uma vistoria realizada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e publicada no dia 5 de março, contendo dez relatórios, foi comprovado que o Irã cumpriu integralmente seus compromissos listados no acordo, conhecido como Plano Abrangente de Ação Conjunta (PAAC).

Com o pacto, Teerã se comprometeu a limitar seu programa atômico e a usá-lo apenas para fins pacíficos, em troca da redução das sanções internacionais; aceitou também submeter suas atividades nucleares a inspeções regulares.