A posse de Putin na Rússia e os seus próximos passos

Vladmir Putin tomou posse do cargo de presidente da Rússia nessa segunda-feira (7), em uma cerimônia no Grande Palácio do Kremlin, após ter sido reeleito para o quarto mandato com 76,67% dos votos, em uma eleição com uma participação de 67%

posse de Putin - Sputnik

A cerimônia de tomada de posse contou com a participação de cinco mil pessoas, o dobro do número habitual. Além de parlamentares, funcionários públicos, artistas e figuras ilustres, este ano participarão também voluntários e ativistas que trabalharam na campanha eleitoral de Putin.

Junto com os símbolos de poder — o estandarte e as insígnias presidenciais, Vladimir Putin se tornou oficialmente presidente da Rússia e prestou juramento à Constituição: “respeitar e defender os direitos e liberdades das pessoas e dos cidadãos, cumprir e defender a Constituição da Federação Russa, defender a soberania e a independência, a segurança e a integridade territorial do Estado, e servir ao povo com lealdade”.

Depois do juramento e de agradecer a todos os presentes, o presidente saiu do Grande Palácio do Kremlin e se dirigiu à Praça das Catedrais, onde decorre tradicionalmente a segunda parte da cerimônia de posse, com o desfile do Regimento Presidencial.

Discursando após o juramento, Putin afirmou ser seu dever e sentido de vida fazer tudo para um futuro de paz e prosperidade para a Rússia. Segundo o líder, a Rússia é um jogador ativo na arena internacional, o país aprendeu a defender seus interesses e recuperou o sentimento de orgulho na pátria.

Ainda durante a cerimônia, Putin assinou um decreto de instruções de objetivos para o desenvolvimento do país para os próximos anos. Nele, o presidente instrui o governo a tornar o país uma das cinco economias mais potentes até 2024: "O governo russo foi instruído a garantir os seguintes objetivos nacionais para o desenvolvimento da Rússia no período até 2024 […] A Rússia deve se tornar uma das cinco maiores economias, garantindo taxas de crescimento econômico acima das globais, mantendo a estabilidade macroeconômica, bem como uma inflação não superior a 4%", diz o decreto.

Além disso, Putin instruiu o governo a criar até 2024 pelo menos 15 centros científicos e educacionais de nível global através da integração de universidades e empresas, segundo informou a agência russa Sputnik. 

Putin não é isolacionista e o que deseja é devolver à Rússia o coprotagonismo nas grandes decisões do mundo. À exclusão do G8, o chefe de Estado respondeu afirmando-se em outros espaços e com outros parceiros, como os Brics (o clube dos emergentes); a China, em suas fronteiras orientais; a Turquia e o Irã, no sul. Com estes dois últimos países, a Rússia coordena sua ocupação na Síria permitida pelo governo desse país, a fim de combater o Estado Islâmico e auxiliar as tropas de Bashar al-Assad a vencer a guerra em seu país. A presença das tropas russas na região e o estreitamento dos laços de Putin com Assad, Irã e Turquia permitem o retorno da Rússia como grande influência e potência militar no Oriente Médio.

A história explica a popularidade de Putin. No final dos anos 90, com o fim da URSS e a abertura da Rússia ao capitalismo selvagem, mergulhou o país em crise e pobreza. Putin foi eleito pela primeira vez nos anos 2000, e com ele a Rússia voltou a crescer, recuperando aos poucos o que eles próprios chamam de "orgulho" russo, e com ele a própria identidade do país. 

Em termos geopolíticos, a anexação da Crimeia, um território visto pelos russos como histórico da Rússia no mar Negro e que a Ucrânia ameaçava ocupar, e o enfrentamento com êxito dos grupos terroristas armados e financiados por potências ocidentais, como o Estado Islâmico na Síria, foram vitórias que alimentam o orgulho nacional russo.

Internamente, o governo de Putin permitiu o aumento de salários e aposentadorias, além de permitir o acesso da população à saúde e à educação. Em seus governos, houve desenvolvimento econômico, estabilidade da moeda e menos dependência dos preços do petróleo, fatores que também contribuiram para a sua reeleição. Mas ainda existem muitos desafios, e o maior deles é a pobreza que aflige o país.

A meta do presidente reeleito é cortar pela metade a taxa de pobreza, que hoje alcança 20 milhões de pessoas. Número que já foi maior – em 2000, refletindo a mudança ocorrida desde o fim do socialismo no início da década de 1990, era de 42 milhões de pobres, mas que ainda precisa de muito avanço. No domingo (6), véspera de sua posse, Putin fez um discurso em que definiu as prioridades de seu governo, e diminuir a ppbreza não ficou de fora, como o esperado.

"Em geral, a nossa principal tarefa para os próximos anos é um aumento significativo da renda real dos cidadãos. E há uma boa base para isso agora. A economia se tornou mais estável, lidou com a queda acentuada dos preços do petróleo, tenta pressionar através de sanções, as mudanças dos cenários políticos globais", disse o presidente, citado no comunicado de imprensa do Kremlin.

Segundo o presidente, a continuidade do governo é importante, porém não desfaz a necessidade de uma busca por novos métodos que possam trazer mais prosperidade à população russa, como informou a Sputnik.

"É importante manter e desenvolver essas novas abordagens e, em geral, garantir a continuidade no trabalho, a continuidade e consistência no desenvolvimento do país, incluindo um claro ritmo de trabalho no próximo período durante o qual o novo governo será formado. Eu estou contando com seu apoio, seu senso de responsabilidade e seu profissionalismo", avaliou o presidente.