As poucas esperanças do governo May nas eleições municipais inglesas

Nessa quinta-feira (3) estão acontecendo eleições municipais na Inglaterra, uma votação que é considerada um teste para o governo conservador da primeira-ministra Theresa May, dividido e enfraquecido a menos de um ano do Brexit

Theresa May

As eleições locais são as primeiras desde as legislativas de junho 2017, quando May perdeu a maioria absoluta no Parlamento e o Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn registrou um resultado melhor que o esperado.

Mais de 4.300 cadeiras estão em disputa em quase 150 câmaras municipais da Inglaterra, incluindo as grandes cidades do país: Londres, Manchester, Leeds e Newcastle. Algumas câmaras, responsáveis por temas como educação e gestão de resíduos, serão completamente renovadas, enquanto outras devem escolher um terço ou metade de seus representantes. Londres é um dos principais desafios das eleições: os trabalhistas desejam assumir o controle de distritos tradicionalmente conservadores, como Westminster e Wandsworth.

O Brexit, previsto para ser concretizado no final de março de 2019, se tornou o tema da campanha. Os partidos de oposição – o Partido Trabalhista mas também o Liberal Democrata e os Verdes – cortejaram os eleitores conservadores descontentes e os migrantes europeus.


O confuso e atordoado rumo das negociações entre o executivo de May e Bruxelas, com o objetivo de alcançar o abandono britânico da União Europeia, somado às constantes polêmicas envolvendo ministros do seu Governo – que obrigaram a sucessivas reorganizações na equipe – e aos cortes no financiamento local e nos apoios sociais, deixaram o Partido Conservador com poucas esperanças de conseguir bons resultados.

O fator Brexit

As dificuldades demonstradas pelo governo em demonstrar que a sua estratégia é a mais vantajosa para o Reino Unido e que o impacto do divórcio não será tão catastrófico para a economia britânica quanto os estudos sugerem, fizeram com que muitos dos defensores do Brexit recuassem. As eleições locais seriam o momento para esses eleitores demonstrarem o seu arrependimento ou para punirem a visão defendida por May.

Além disso, existe outro fator pouco positivo para os conservadores: ao contrário das eleições gerais de 2017 e do referendo de 2016 quanto à Europa, para as municipais é permitido o voto de milhares de cidadãos naturais de outros Estados-membros da UE, que provavelmente irão utilizar o voto como arma contra os planos do governo para o Brexi” e suas políticas migratórias (que não sou muito favoráveis para aqueles que migram, como se pode imaginar).