Rombo de R$ 25 bilhões nas contas públicas é o pior em 22 anos

O governo Michel Temer aprovou a Emenda 95, impondo o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, sob o argumento de que somente uma política de austeridade seria capaz de deter o rombo nas contas públicas. Mas a equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que deixou a pasta para se candidatar à Presidência da República, não foi capaz de conter o deficit.

Temer e Meirelles

As contas públicas registraram deficit primário de R$ 25,135 bilhões em março, recorde para o período e o pior resultado na série histórica iniciada em 1997, ou seja, em 22 anos.

Significa dizer que as despesas do governo superaram as receitas. Essa conta, porém, não inclui os gastos com o pagamento de juros da dívida pública, o que aumentaria o rombo.

“Se você olhar num período mais longo, [o resultado primário do setor público] permanece numa trajetória de deficit. A meta que há este ano é meta de deficit que deve ser alcançada”, disse o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

Em 2015, no mesmo período quando a presidenta Dilma ainda governava, apesar da mídia dizer que vivíamos o pior dos mundos, as contas públicas registravam superavit de R$ 1,15 bilhões. Em 2016, ano do golpe de Temer, as contas registraram deficit de R$ 7,829 bilhões. Em 2017, o deficit aumentou para R$ 11, 231 bilhões.

Diferentemente da União, os estados e municípios tiveram superavit primário de R$ 552 milhões em março. No acumulado do primeiro trimestre, o setor público consolidado registrou superavit primário de R$ 4,391 bilhões, melhor que o saldo positivo de R$ 2,197 bilhões em igual etapa de 2017.

Em 12 meses, o deficit primário foi a R$ 108,389 bilhões, equivalente a 1,64% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2018, a meta é de rombo de R$ 161,3 bilhões, que deverá marcar o quinto resultado seguido no vermelho do país.