Atentado no Afeganistão mata 25 pessoas, 10 delas eram jornalistas

Os repórteres estavam cobrindo um primeiro ataque quando um homem-bomba supostamente disfarçado de fotógrafo detonou explosivos. O Exército Islâmico assumiu a autoria da ação

atentado no afeganistão

A explosão sincronizada das bombas de dois terroristas suicidas fez ao menos 25 mortos – dez deles jornalistas, segundo o Comitê de Segurança dos Jornalistas Afegãos (AJSC), citado pela agência EFE – e quase 40 feridos no centro de Cabul, segundo o porta-voz do Ministério de Saúde Pública do Afeganistão, Wahidullah Majroh. A primeira explosão aconteceu às 8h (0h em Brasília) nas proximidades do escritório do Serviço de Inteligência (NDS); e a segunda exatamente entre os jornalistas que haviam ido cobrir o primeiro ataque no bairro de Shash Darak, segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish. Um dos mortos é Shah Marai, fotógrafo da agência France Presse (AFP), conforme confirmado pela própria agência no Twitter. O Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria, segundo a AFP.

“Os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas foram para o local da operação, onde um segundo irmão camicase os surpreendeu com seu colete explosivo”, afirmou o ramo ligado ao EI no Afeganistão em um comunicado divulgado pela Amaq, agência ligada aos jihadistas.

“Estou muito triste com o ataque terrorista de segunda-feira contra civis e jornalistas em Cabul. Um ataque aos meios de comunicação é um ataque à democracia e uma tentativa de silenciar a voz daqueles que não tem voz”, disse o primeiro-ministro afegão, Abdullah Abdullah. “Vamos contar os ataques terroristas de hoje e desejo uma rápida recuperação aos feridos”, concluiu.

“Um camicase que circulava em uma motocicleta se explodiu na frente de uma escola de inglês no bairro de Shash Darak”, disse Danish. “Contamos quatro mortos e cinco feridos, todos civis”, acrescentou. Segundo ele, vários escritórios do NDS ficam nesse bairro, “mas a explosão ocorreu na frente de uma escola de inglês”.

O bairro de Shash Darak abriga a sede da OTAN e os escritórios de várias ONGs internacionais. O chefe da polícia de Cabul, Dawood Amin, disse em uma mensagem pública que a segunda explosão aconteceu perto do lugar em que um grupo de jornalistas havia se reunido para cobrir o primeiro ataque. Nesse ataque inicial, o terrorista suicida explodiu uma motocicleta carregada de explosivos, enquanto no segundo o assassino supostamente carregava uma câmera no ombro, fazendo-se passar por repórter.

Esse é o primeiro ataque de envergadura na capital afegã desde que os talibãs rejeitaram, na quarta-feira, a proposta de diálogo lançada no final de fevereiro pelo Governo afegão e anunciaram o início de sua nova ofensiva militar de primavera.

Há uma semana, um ataque suicida contra um centro de registro eleitoral no oeste de Cabul, assumido pelo grupo jihadista Estado Islâmico, fez 69 mortos e 120 feridos.

Desde o começo do ano a capital afegã foi alvo de vários ataques. O mais importante foi realizado no fim de janeiro pelos talibãs com uma ambulância-bomba que explodiu em plena rua em um bairro central de Cabul, matando mais de cem pessoas. Depois desse ataque, as autoridades da capital reviram todo o plano de segurança da cidade, substituindo-o para evitar grandes ataques.

Jornalistas como alvo

A ONG Comitê de Segurança dos Jornalistas Afegãos (AJSC) informou em sua conta no Twitter que está ciente da morte de nove jornalistas na explosão que aconteceu em Cabul, mas não divulgou suas identidades.

O porta-voz do Ministério de Saúde Pública do Afeganistão, Wahidullah Majroh, disse que entre os mortos estão Khair Muhammad, da rede afegã Tolo News, e Ebadullah Hananzai, da emissora Azadi Radio.

O fotógrafo Shah Marai, da AFP, também morreu na explosão, segundo confirmou a própria agência no Twitter. “O fotógrafo-chefe da France Presse em Cabul, Shah Marai, morreu. Ele morreu em uma explosão contra um grupo de jornalistas que havia ido ao lugar de um ataque suicida na capital afegã”, disse a agência francesa.

A rede de televisão 1TV informou que o cinegrafista Nawroz Rajabi e o repórter Ghazi Rasouli foram mortos no ataque. Um jornalista da Jahan TV, que ainda não foi identificado, também morreu.