Economia afunda no Brasil, mas Santander só cresce

 “O que podemos fazer por você, hoje?”, o slogan do espanhol Santander nunca foi mais atual e comporta várias respostas. Uma delas seria reduzir juros no Brasil e moderar os lucros, que somaram no primeiro trimestre R$ 2,054 bilhões, crescendo 10,7% no primeiro trimestre, o que ampliou de 26% para 27% a fatia dos ganhos da filial brasileira no resultado global (2,054 bilhões de euros), a despeito da economia brasileira ter crescido praticamente zero no trimestre.

Por Gilberto Menezes Côrtes

Agência do Banco Santander em São Paulo

A Espanha ficou com 18% e o Reino Unido, com 13% dos lucros.

Outra, seria ampliar os empréstimos. No balanço expresso em euros (que valorizou 19,18% diante do real desde março de 2017) os empréstimos às grandes empresas brasileiras encolheram 3%, no mesmo período.

Os dados da filial brasileira do Santander, mais uma vez, se destacam no grupo. Nenhum país apresenta resultado tão expressivo. E nenhum também ostenta juros tão elevados. O argumento habitual dos bancos, de que os juros são elevados devido à inadimplência (e não o contrário, de que a inadimplência é gerada pelos juros elevadíssimos), é enfraquecido no próprio balanço global do banco espanhol. Na terra da matriz, o banco comandado por Ana Botin, tem índice de inadimplência de 6,27%, ainda causado pela absorção do Banco Popular. Em Portugal, a inadimplência chega a 8,29%, puxada por operações imobiliárias.

No Brasil a inadimplência desceu de 5,36%, em março de 2017, para 5,26%. O banco teve redução de 8,16% para 5,02% (em euros) no custo da captação dos recursos, o que elevou em 17% as margens dos juros. Os ganhos nas tarifas aumentaram 17% no período, sendo que as receitas nas mensalidades dos cartões de crédito cresceram 20% e nas contas correntes o crescimento foi de 16%. A inflação do período foi de 2,8%.

Mas as operações do banco no país ficaram concentradas nas pessoas físicas e nas modalidades de crédito com juros mais altos. O crédito ao consumidor aumentou 25,6%, concentrado nos cartões de crédito (expansão de 25%) e no crédito pessoal consignado. Os empréstimos habitacionais cresceram 9,7%. No mercado de financiamentos a veículos houve avanço de 23,6%.

Levantamento do Banco Central entre os dias 4 e 10 de abril, mostrou que os juros do Santander no financiamento de veículos eram de 21,14% ao ano, a 20ª taxa mais alta entre 40 instituições. Perdia para os juros mais baixos do Banco Volkswagen, do Bradesco, da Bradesco Financeira, do Safra, e do Itaúcard, ficando à frente do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Na Espanha, o financiamento de automóveis está em 4% ao ano.

No rotativo do cartão de crédito, o Santander também tinha taxa de 242,85% ao ano, contra 6,5|% ao ano na Espanha e Europa em média. Já no crédito pessoal não consignado sua taxa de 76,41% ao ano era a 31ª numa lista de 69 instituições financeiras, com juros acima dos do BB e CEF, mas menores que os de ItaúUnibanco e Bradesco. A Crefisa cobrava 699,02% ao ano.