Diário da Manhã entrevista a presidenta eleita da UEE-GO, Danny Cruz

Mulher, negra, pobre e de escola pública, eleita a nova presidente da UEE de Goiás

Entrevista a Danny Cruz
Qual o resultado do 35º Congresso da UEE?

Danny Cruz – O 35º Congresso da UEE [União Estadual dos Estudantes de Goiás] reuniu centenas de estudantes de múltiplas cidades de Goiás. O fórum estudantil construiu saídas para enfrentar o desmonte na Educação. Saímos de lá com bastante energia para fortalecer as organizações estudantis. Assim como para ampliar a nossa rede de participação.

Qual o programa aprovado em plenário?

Danny Cruz – O programa aprovado abrange o movimento estudantil integrado à cultura e ao esporte. Tivemos um cuidado especial ao tratar da nossa Universidade Estadual de Goiás. Para combater o sucateamento e o fechamento de cursos da instituição. Aponta também para o fortalecimento e ampliação da UEE. Nos espaços institucionais. Como os Conselhos de Juventude e Fóruns de Educação. Há uma necessidade de ampliação das políticas de permanência para estudantes. Também aprovamos, em plenário, encaminhamentos para o fortalecimento e/ou criação de organização estudantis [CA, DA, DCE, Atléticas]. A construção do CUCA da UEE e encontro de Atléticas foram uma das pautas aprovadas na área de cultura e esporte.

Composição da Executiva e da direção?

Danny Cruz – A composição das cadeiras da UEE é proporcional à votação que cada organização de juventude recebeu. Assim que aberta a chamada de acordo com a proporção, cada organização fará a indicação da cadeira que possuir mais conforto em atuar.

Houve disputa?

Danny Cruz – O congresso da UEE, em Goiás, foi marcado por diferentes pensamentos e atuações. Consolidando, assim, três campos que disputaram as resoluções e o direcionamento da entidade. A tese que direcionará a UEE no próximo biênio foi a do movimento ‘Pronto Pra batalha’, construída em unidade com 4 forças políticas. A integram a UJS, PSD, JSB e JMDB. Eles se alinharam em torno de um projeto que leva em consideração a defesa absoluta da Educação, e do Estado Democrático de Direito.

O que unifica, hoje, as múltiplas correntes do movimento estudantil?

Danny Cruz – A defesa da Educação gratuita e de qualidade. O combate aos cortes na educação. A condenação à Reforma da Previdência. Além de ataques à Reforma Trabalhista. Que retira direitos dos trabalhadores. Assim como a reestruturação da UEG.

O Brasil vive, hoje, sob um Estado de Exceção?

Danny Cruz – Sim. Mais: acredito que esse sentimento de descrédito na política é alimentado por setores que se beneficiam da despolitização. Para conduzirem projetos políticos que prejudicam a maior parte da população. Assim há, hoje, uma grande massa despolitizada. Alheia aos processos políticos. Que não causa empecilhos às medidas que retiram direitos.

O mandato é de quantos anos?

Danny Cruz – O mandato é de dois anos. Com a eleição em um Congresso Estadual.

Qual é a estrutura da UEE?

Danny Cruz – A UEE possui a sua sede física localizada na Avenida Universitária, em Goiânia. Foi o que sobrou da imensa área que tínhamos e que foi retirada do movimento estudantil durante a ditadura civil e militar no Brasil [1964-1985].

Qual a sua origem social?

Danny Cruz – Filha de nordestinos, eu pertenço a uma das inúmeras famílias que veio para Goiás em busca de melhores condições de vida. Meus primeiros passos foram na rodoviária de Goiânia e desde então trilho meu caminho nesta cidade. Formada no Lyceu de Goiânia. Foi ali meu primeiro contato com o movimento estudantil. Minha primeira luta foi em 2011 pelo Passe Livre Estudantil. Em conjunto com a luta pelo piso salarial dos professores na Rede Estadual. Um dos momentos mais marcantes foi quando ocupamos pela UGES [União Goiana de Estudantes Secundaristas] uma casa abandonada na Praça Cívica e por dois anos construímos atividades abertas ao público e consolidamos um local de articulação do movimento secundarista.

Você ingressou tardiamente na UFG ? Por cotas?

Danny Cruz – Assim que defini o curso que queria, me preparei para o ENEM e entrei em 2015 para o curso de Ciências Sociais – Políticas Públicas. Entrei por cotas de escolas públicas.

O que defende para a área de Educação no Brasil?

Danny Cruz – Defendo uma Educação pública, gratuita e de qualidade. Uma Educação que tenha responsabilidade na permanência da e do estudante na Faculdade, como locomoção, alimentação, creche para filhos/as. Defendo a valorização do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão. Defendo uma universidade sem Machismo, Racismo e LGBTfobia.

Qual a sua identidade ideológica?

Danny Cruz – Minha orientação política é marxista-leninista.

O que gosta de ler, ouvir, ver e assistir?

Danny Cruz – Meus gostos são variados. Sou aberta a novas descobertas! Sempre leio dois livros ao mesmo tempo. Um de política e outro de gênero qualquer, como ficção científica, biografia etc… Atualmente, estou lendo ‘Mulheres Que Correm Com Os Lobos’. De Clarrisa Pinkola Estés e ‘Políticas Públicas para um novo projeto nacional de desenvolvimento – A experiência dos comunistas’, de Márvia Scárdua e Ronald Freitas. Gosto muito de um velho Rock´n Roll. Como Pink Floyd e Janis Joplin e músicos brasileiros consagrados como Elza Soares e Belchior, mas me abro para o novo como Boogarins e Carne Doce. Gosto muito de assistir documentários e sou uma frequentadora assídua do Cine Cultura, em Goiânia.

Fonte: Renato Dias, do Diário da Manhã