Trabalho, emprego e renda em São Paulo

Desde 1995, o PSDB governa o estado de São Paulo. Por ser a unidade da Federação com maior peso político e econômico, essa hegemonia de seis mandatos consecutivos tornou São Paulo um reduto da oposição conservadora.

Por Nivaldo Santana*

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Com população de mais de 43 milhões de habitantes e cerca de um terço do PIB nacional, a economia paulista é a mais complexa e competitiva do País e tem também a mão de obra mais ampla e qualificada.

São Paulo lidera os setores de bens de capital, automobilístico, aeroespacial, financeiro, telecomunicações, agropecuário, comercial, ciência & tecnologia, cultura, serviços sociais (saúde de alta complexidade e ensino superior) e também os serviços jurídicos, contábeis, de assessoria e engenharia. Esses dados, no entanto, mascaram uma realidade difícil para os trabalhadores, em particular para os jovens. A riqueza aqui produzida é para poucos. A prioridade do PSDB segue o figurino traçado desde o governo de Mário Covas – saneamento financeiro e reengenharia do estado.

Esse binômico, traduzido para o bom português, significa aplicar sucessivas e intermináveis políticas de ajuste fiscal e diminuir progressivamente o papel do Estado na indução do crescimento econômico e na promoção da justiça social.

Um exemplo é o último plano plurianual, para o período 2016/2019, em que governo diz que os eixos do governo são a responsabilidade com as finanças, a modernização da gestão pública e maior abertura ao capital privado, com diferentes modalidades de privatização.

Essa inversão de prioridades – tornar o Estado instrumento dos interesses dos grandes grupos econômicos, com privatizações e a chamada austeridade fiscal – acaba relegando para segundo plano os interesses sociais, principalmente da parcela mais vulnerável da população.

Indicador dessa realidade é a subestimação de políticas que induzam à maior oferta de emprego no Estado. O orçamento da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (SERT), teoricamente com essa missão principal, é um dos menores de São Paulo.

Com isso, há um enorme déficit no estado nas políticas de ensino e qualificação profissional, na educação tecnológica, no fomento ao emprego e ampliação de oportunidades da área do empreendedorismo. Os jovens, em particular, são os maiores prejudicados.

Essa situação se agrava por uma importante particularidade da dinâmica econômica de São Paulo. Os impactos negativos da retração econômica atingem mais fortemente o estado, principalmente sua consequência social mais grave que é o desemprego.

A geração de empregos de qualidade com maiores salários dependem da retomada do crescimento econômico. Pela dimensão de sua economia, São Paulo precisa ter uma posição ativa na ampliação dos investimentos e não se limitar à gestão fiscal conservadora.

Um exemplo é a desindustrialização dura em São Paulo. A base do progresso de São Paulo foi o seu grande desenvolvimento industrial, agora em forte desaceleração. O governo adota posição passiva e sua ação se resume a transferir ativos do estado para grupos privados.

A inércia do Estado, conforme atesta os números do Dieese, mostra isso. Em 2017, a região metropolitana de São Paulo eliminou 119 mil postos de trabalho (1,3% a menos em relação a 2016). Com isso, a taxa de desemprego elevou-se neste período de 16,8% para 18%.

O desemprego veio acompanhado da diminuição da renda. Os rendimentos médios reais de ocupados reduziu em 0,8% e dos assalariados em 1,8%, entre os anos de 2016 e 2017. Em fevereiro de 2018, mesmo com desaceleração, o desemprego na região metropolitana foi de 1,8 milhão.

Por tudo isso, São Paulo precisa de novo rumo. Novas forças políticas e sociais precisam reorientar o maior estado da Federação no rumo do desenvolvimento com emprego e justiça social.

Em vez de um estado débil a serviço de interesses privados minoritários, é chegada a hora de São Paulo voltar a ter protagonismo, tirar sua economia do atoleiro, democratizar as relações com o conjunto da sociedade e enfrentar as gigantescas desigualdades sociais.Ter uma economia pujante, ancorada em uma indústria forte, na inovação tecnológica, com qualificação ampla dos trabalhadores e oferta de empregos de qualidade são tarefas essenciais de um governo comprometido com a democracia e com 0 povo.