Movimentos ocupam a Paulista por renovação e mais diálogo na política

Diversas organizações e movimentos, de variadas áreas de atuação e orientação política, organizam ao longo deste domingo (22) o Dia pela Democracia na Avenida Paulista, região central de São Paulo.

Movimentos ocupam a Paulista por renovação e mais diálogo na política - Divulgação

Eles querem ampliar os espaços de debate e troca de ideias, em momento de escalada do autoritarismo, com crescimento da intolerância e violência na esfera pública.

Serão atividades que incluem dinâmicas, jogos e oficinas, além de rodas de conversas que abordam temas como a participação do cidadão, ativismo em tempos de redes sociais, a militarização da política e os desafios no combate à corrupção.

Participam do Dia pela Democracia organizações como Instituto Ethos, Cidade Democrática, Novo Congresso é Possível, Atletas pelo Brasil, Bancada Ativista, Instituto Sou da Paz, Movimento Transparência Partidária, Instituto Igarapé, Instituto Update, Acredito, Agora, Fórum do Amanhã, Nossas, Ocupa Política, RAPS, Rede Nossa São Paulo, Transparência Internacional, entre outros.

O cientista político Ricardo Borges, idealizador da Virada Política – esforço similar de diálogo, que faz parte também do Dia pela Democracia – diz que o desafio no domingo "é conversar com públicos de diferentes idades e perspectivas políticas, mas que comungam valores e princípios da democracia".

Borges afirma que o crescimento da intolerância no dia a dia das pessoas é preocupante, assim como temas tabus em almoços de família e amizades desfeitas devido a divergências políticas. "Diante desse quadro de polarização extrema, de incapacidade de diálogo e convivência com o diferente, há também uma fragilização das próprias instituições na capacidade de processar esses conflitos", complementa.

O Instituto Update vai levar para a Paulista inovações políticas que estão ocorrendo por toda a América Latina. A pesquisadora Jonaya de Castro conta que não só o Brasil, mas todo o continente vive, por um lado uma situação de "desimaginação política" e, por outro, a emergência de novos grupos e atores que trazem maneiras diferentes de encarar os velhos e novos problemas.

"A gente percebe que houve uma insurgência de mobilização pública na política desde 2011, em países como o México, Brasil, Paraguai. As pessoas estão indo para as ruas, existe um descontentamento com o modelo de gestão democrática. Existe um caráter urgente para a gente conseguir viver realmente numa democracia", aponta ela.

A Conectas Direitos Humanos chama a atenção para os riscos do crescimento da participação dos militares em diversas áreas, como na Segurança Pública, com a intervenção militar no Rio de Janeiro, ou nas respostas adotadas pelo governo na crise humanitária de venezuelanos chegados ao estado de Roraima. "Não é competência dos militares desenhar e executar essas ações. Claro que as Forças Armadas podem colaborar, mas não é adequado que façam a gestão desse tipo de tarefa", diz a coordenadora de programas da entidade Camila Asano.

Ela também ressalta a ocupação de cargos importantes da República por militares, como no Ministério da Defesa, que foi ocupado por civis desde a redemocratização, ou ainda a Funai, que também teve nomeado pelo governo Temer um militar para responder pela pasta. Camila lembra que, junto com os cargos ocupados, vieram também grandes montantes de verbas públicas, e que as Forças Armadas nunca se notabilizaram pela transparência na gestão de recursos.

O Dia pela Democracia contará ainda com o Jogo da Política e Fast Food da Política (programação completa no site). O primeiro, consiste​ num conjunto de três jogos que simulam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e cria uma experiência na qual os participantes se colocam no papel de um deputado, prefeito ou juiz. O segundo reúne uma série de jogos rápidos, de 5 a 20 minutos, focados na decodificação das regras e funcionamento do Estado e da política brasileira.