Governo falta a debate e alunos da UnB mantêm ocupação da reitoria

Assembleia programada para terça-feira (24) vai decidir pela realização ou não de greve geral na universidade e um ato de protesto contra o MEC. Déficit orçamentário para este ano é de R$ 92,3 milhões.

UnB - Universidade de Brasília - ocupação da reitoria (12/04/2018) - EMÍLIA SILBERSTEIN/ AGÊNCIA UN

Depois da realização de uma mesa de debates que teve o propósito de discutir os problemas da Universidade de Brasília (UnB) com todos os setores e que registrou a ausência, justamente, de representantes do Ministério da Educação (MEC), estudantes decidiram manter a ocupação do prédio da reitoria, onde se encontram acampados desde a última semana em protesto contra a crise financeira da entidade. Eles programaram uma assembleia geral na próxima terça-feira (24) para decidir sobre a aprovação ou não de greve na instituição e a realização de um ato público na Esplanada dos Ministérios, em frente ao MEC, na quinta (26).

O objetivo de todas as iniciativas é questionar os cortes da UnB, que tem um déficit de R$ 92,3 milhões no orçamento deste ano e passa por uma situação complicada para a manutenção dos principais serviços nos vários departamentos. Alunos e professores também são contrários às medidas alternativas adotadas pela administração da universidade, que incluem redução do número de servidores terceirizados e de estagiários, por meio de demissões.

“Não vamos sair daqui. A luta pela melhoria da universidade é a luta pelo nosso futuro e só conseguiremos resistir a esse projeto de governo que corta gastos para o ensino público se nos unirmos”, disse Maria Curvelo, estudante do curso de Filosofia. Os alunos que iniciaram a ocupação (aproximadamente 500 pessoas) também pediram maior adesão ao movimento por parte dos colegas.

“Temos uma universidade que está mudando sua base social e tirando o compromisso social que tem. A solução para esse problema não passa por redução de estagiários nem de terceirizados, mas de ações junto ao MEC e a outros ministérios como os da Fazenda e do Planejamento para mudar esse quadro, criado pela emenda que congela os gastos públicos. A UnB foi a primeira universidade a ser pensada enquanto comunidade”, protestou outro aluno, Bruno Lima.

Nos vários discursos, alunos e professores destacaram que o que está por trás da redução de orçamento para as universidades públicas é um projeto privatista de ensino encampada pelo governo Temer, e que tem caráter bem mais amplo. “Passa por redução nas aposentadorias dos professores, fechamento de laboratórios, diminuição de terceirizados e muito mais. Por isso a ação precisa ser coletiva. A crise econômica não pode recair sobre a classe trabalhadora e a comunidade acadêmica”, afirmou a aluna de Direito Ana Fonseca.