Fazendeiros armados cercaram trabalhadores Sem Terras em MG

Mais de cem famílias de Sem Terra que estavam ocupando a fazenda Bom Jesus, uma área pública da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), na região de Montes Claros, ficaram reféns de um grupo de fazendeiros e jagunços armados entre a madrugada do dia 17 e o final do dia 18.

fazendeiros ameaçam famílias de sem terras em montes claros (MG) - MST/MG

Os ruralistas cercaram a ocupação, bloquearam a estrada de acesso com tratores e não permitiram a entrada de comida e água para as famílias, inclusive tinha crianças e idosos no local. Os fazendeiros ameaçaram as famílias e queimaram a bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

"As famílias estavam em uma outra ocupação e tinha uma ordem de despejo com data limite até o dia 22. Então a solução encontrada foi ir para essa área pública do Estado. Eles fizeram essa ocupação de madrugada e horas depois chegou esse grupo formado por latifundiários da região que se autointitula 'Paz no Campo', mas que de paz não tem nada, e não deixou ninguém mais entrar ou sair. Estavam armados. Proibiram de entrar comida e água, enquanto isso faziam um churrasco na frente para provocar", disse Ana Paula Alencar, da comissão da Pastoral da Terra.

As pessoas que queriam entrar no assentamento para dar ajuda aos sem terra também foram proibidas de entrar. Durante o cerco, a Pastoral da Terra emitiu uma nota de alerta às autoridades governamentais sobre a situação na fazenda Bom Jesus. "A situação é muito grave, tememos por mais um massacre por parte dos latifundiários da Região contra o povo pobre que quer um pedaço de terra pra viver".

No final da tarde, as famílias conseguiram sair da fazenda e ir para um outro assentamento do MST. Os ruralistas também fizeram ameaças de morte aos líderes das famílias de agricultores que estavam na ocupação.

O cerco em Montes Claros aconteceu no mesmo dia em que camponeses do mundo todo fizeram manifestações em memória às vítimas do massacre de Eldorado de Carajás há 22 anos, quando 19 trabalhadores rurais foram assassinados e outros 69 ficaram feridos. Até hoje, o massacre continua impune.

*As fotos desta reportagem estão em baixa qualidade de definição por conta das dificuldades que os camponeses encontraram para denunciar o cerco promovido pelos fazendeiros e jagunços.