Governo muda o tom para tentar emplacar privatização da Eletrobras

O governo Temer não tem sido feliz em suas negociações desde a derrocada da Reforma da Previdência no Congresso. A pauta, supostamente impedida de tramitar pela intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, deu lugar a outro “salvador” das contas públicas: a privatização da Eletrobras. 

Marun - Reprodução da Internet

No entanto, a mobilização de eletricitários e de parlamentares de Oposição, tem conseguido mostrar à população que esta matéria – assim como as alterações previdenciárias – não interessa ao Brasil e o tema também estacionou.

Seja pela proximidade da disputa eleitoral ou por dificuldade de articulação da equipe de Temer, o governo não tem conseguido dar a celeridade que gostaria ao tema. E agora, aposta numa nova tática: falar em capitalização em vez de privatização da Eletrobras.

O tom passou a ser adotado recentemente, mas ainda não colou. O próprio articulador-mor do governo, o ministro Carlos Marun, descumpriu o novo “protocolo” em entrevista esta semana e precisou se corrigir rapidamente. “O governo entende como necessária a privatização. Quer dizer, a capitalização”, disse.

No Parlamento, o novo termo também não convenceu. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, não se confundiu. Tratou do tema como capitalização da empresa e afirmou que não teria problemas de falar em privatização se assim fosse. No entanto, o discurso não pegou.

Após a fala de Ferreira Junior, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) rebateu a nova tese. “Não adianta dourar a pílula, botar um embrulho mais bonito. Não se trata de capitalização, é privatização”, afirmou.

De acordo com o PL 9463/18, o governo pretende reduzir sua participação por meio de um processo de emissão de novas ações, sem a participação do governo federal. Na prática, o resultado será a privatização ou desestatização da empresa, já que haverá perda de controle da União, que passaria a ter 43% do capital social da Eletrobras, caso a proposta fosse aprovada.