Protesto em Brasília denuncia desmonte do setor elétrico estatal

O setor elétrico estatal amanheceu paralisado na manhã desta segunda-feira, 16, em defesa da maior empresa de energia da América Latina. Em Brasília, o Dia Nacional de Luta contra a Privatização da Eletrobras contou com a participação de trabalhadores e movimentos populares em um grande ato em frente ao Ministério de Minas e Energia.

Contra privatização da eletrobras protesto no ministério das minas e energia - Sindicato dos Urbanitários do DF

Na ocasião, os manifestantes denunciaram a tentativa de desmonte do patrimônio brasileiro e do setor elétrico. Beth Cerqueira, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), enfatizou que as estatais elétricas são parte da riqueza do país. “Não vamos deixar que entreguem o Brasil aos estrangeiros. Essa luta também é nossa”, frisou.

A dirigente sindical do STIU-DF, Fabiola Antezana, destacou as experiências de privatização do setor elétrico na Argentina e Portugal que obtiveram resultados nefastos à população. “Em um ano de privatização do parque energético argentino a tarifa subiu 700%. Portugal que privatizou o setor há 8 anos também teve aumento superior a todo o restante da União Européia. E o processo que o governo Temer quer implantar no país é parecido com o de Portugal ”, lembrou Fabíola.

Defesa da Eletrobras pública.

Para Antezana, a privatização, além de impactar o bolso do consumidor, poderá ser responsável pela demissão em massa no setor e a precarização na prestação do serviço. Ele afirma ainda que permitir a venda das estatais do setor elétrico é promover maior desigualdade social e negar o acesso à energia para a população mais pobre do Brasil.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a venda da Eletrobras vai resultar em um aumento inicial na tarifa de energia de 16,7%, no mínimo. Alguns especialistas apontam reajustes superiores a 70%.

O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens, Iury Paulino, disse que privatizar a Eletrobras significa, além da perda de soberania e aumento na tarifa, a perda da gestão sobre a vazão de rios, o que envolve a gestão do uso múltiplo das águas, como uso social, irrigação e navegação. “Nenhum governo que pensa no futuro do seu povo privatiza suas águas, a sua energia e o petróleo” ressaltou.

Denis Silva, coordenador do Movimento Camponês Popular, disse que a classe trabalhadora tem projeto para o país. “Projeto de um Brasil soberano, voltado para o povo e que não cabe a privatização”, destacou.

Participaram do ato o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Movimento Camponês Popular (MCP), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e outros.