Petrobras: Até base do governo critica entreguismo de Parente

Na última terça-feira (10), parlamentares do governo e da oposição criticaram no Plenário da Câmara Federal a decisão da Petrobrás de fechar duas unidades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen): em Camaçari (BA) e em Laranjeiras (SE). Isto porque a Petrobrás anunciou, no dia 20 de março, que “hibernaria” as fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia. A iniciativa entreguista faz parte do processo de saída total da produção de fertilizantes.

Temer e Parente - Marcelo Camargo / Agência Brasil

O segmento de fertilizantes é dos mais promissores neste momento em que o agronegócio registrou expansão de 13% somente em 2017. Se implementada, a decisão da diretoria de Pedro Parente vai provocar a demissão de 5 mil trabalhadores na região, com reflexos nas operações de diversas empresas.

A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) subsidiou argumentos dos deputados contrários ao fechamento das duas unidades, afinal muitas de suas afiliadas são clientes ou fornecedoras da Petrobrás. O mercado interno passaria a ser atendido pela China e pela Rússia.

Três Lagoas no pacote

O site Petronotícias denunciou o absurdo de se paralisar duas fábricas de fertilizantes num país que importas 90% desse produto e ainda vender para uma empresa estrangeira a fábrica que estava sendo construía em Três Lagoas, com 80% das obras concluídas.

O geólogo e consultor Luciano Chagas pondera sobre esta venda “em um país onde se encontram abundantes volumes de sais de potássio e combinações dos minerais, magnésio, cloro, potássio e sódio (na forma de tachidrita, carnalita, silvita, silvanita, halita, anidrita etc.), em Sergipe (Taquari-Vassouras), Alagoas (Paripueira) e na Amazônia (Fazendinha), todas, onde trabalhei na década de 70, além de imensos volumes de evaporitos (sais) na área do pré-sal e um volume abundante de gás”.

Tudo isso no país onde a produção agrícola, uma das maiores do mundo e com área agriculturável ainda disponível, é hoje a principal geradora de empregos e de grande contribuição percentual na formação do PIB brasileiro.

“Agora, além de fomentar desemprego a taxas alarmantes no setor petróleo, a ‘magnífica’ equipe de gestores da Petrobrás mira nos empregos das áreas de agricultura através da venda das fábricas de fertilizantes e da derrocada consequente de toda a cadeia produtiva associada”, critica o consultor, lembrando que a maior parte dos depósitos evaporíticos do Brasil foi descoberta durante a exploração petrolífera. “Daí fazerem parte dos ativos da companhia Petrobrás e da cadeia do poço ao posto, por envolverem o usos do gás além dos evaporitos e outros na laborosa cadeia de produção”.

“Assim a Petrobrás integrada, com um elo da cadeia suportando o outro, nos momentos cíclicos de apogeu ou ocaso de cada um, fica completamente desmilinguida, destruída, acabada mesmo”, resume Chagas.