Estudantes ocupam reitoria da UnB para manter universidade funcionando

A reitoria da Universidade de Brasília (UnB) foi ocupada nesta quinta-feira (12) por centenas de estudantes em um ato em defesa da liberação de verbas para a instituição pelo Ministério da Educação, para atender às necessidades de custeio das atividades acadêmicas. Sem a liberação de recursos, a universidade pode ser fechada no mês de agosto.

Ocupação reitoria UnB (12/04/2018) - Mídia Ninja

A ocupação ocorre em meio a uma crise financeira que atinge não somente a UnB mas também outras universidades públicas. Para impedir o fechamento da instituição, os alunos reivindicam uma audiência pública reunindo a direção da UnB e o MEC, com a mediação do Ministério Público, para discutir as contas da universidade.

O rombo orçamentário é de R$ 92,3 milhões por contra da forte queda nos repasses para a instituição. Em 2016, o valor foi de R$ 217 milhões, enquanto em 2018, caiu para R$ 137 milhões. Uma redução de 45% a menos.

Como resultado, a reitoria anunciou que diante da restrição orçamentária teria de adotar medidas de redução de recursos, como a demissão de funcionários terceirizados, o cancelamento de contratos de estágio e aumento nos preços no restaurante universitário.

Em nota divulgada no Facebook Ocupa UnB, os estudantes informam que são contra "medidas que atacam os trabalhadores terceirizados e os estudantes, especialmente os da assistência estudantil".

Além disso, querem a manutenção das bolsas de permanência, pagas a estudantes de baixa renda, e o restabelecimento de porteiros no turno da noite. “Mesmo com árdua mobilização dos trabalhadores e estudantes desde o início do ano de 2017, com a formação de comissões e ações a fim de impedir a aplicação dessas medidas de austeridade, faz-se necessário essa ocupação da reitoria”, diz a nota.

Foto: Mídia Ninja

Sobre a polêmica acerca da situação financeira, reivindicam que o MEC libere as verbas arrecadadas pela UnB, mas também cobram da reitoria transparência nas contas e auditoria nos contratos com prestadores de serviço, chamados de serviços terceirizados. A audiência teria o objetivo de esclarecer a posição do ministério e da universidade e buscar saídas.

Na terça-feira (10), estudantes, professores e servidores promoveram um ato em frente ao Ministério da Educação para cobrar do órgão uma ampliação dos recursos previstos para o ano. No mesmo dia, estudantes ocuparam a sede do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação em protesto contra a crise na universidade e cobrando soluções.

As pautas do movimento que ocupa a reitoria são:

Nossas pautas são:

– Contra a demissão dos terceirizados

– Contra o aumento do Restaurante Universitário

– Pela manutenção das bolsas da permanência estudantil, que afetam principalmente estudantes de baixa renda, negras e negros, indígenas e quilombolas

– Liberação pelo MEC dos editais de ingresso indígena e quilombola.

– Pela manutenção de todos os estágios remunerados

– Reestabelecimento dos porteiros da noite

– Transparência nas contas da universidade

– Auditoria externa e independente dos contratos, especialmente dos serviços terceirizados.

– Liberação pelo MEC para uso da verba própria da UnB

– Pela revogação da emenda 95, do teto dos gastos

– Contra a privatização das universidades públicas no Brasil

– Solidariedade às outras ocupações e lutas que ocorrem nas universidades brasileiras