Governo do ajuste anuncia previsão de déficits bilionários até 2021

Apesar de o novo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, declarar que sua gestão será marcada pela disciplina fiscal, o governo anunciou nesta quinta (12) que vai manter a meta de déficit primário de 2019 em R$139 bilhões para o governo central, mas ampliará a previsão do rombo para 2020 de R$65 bilhões para R$ 110 bilhões.

Guardia e Meirelles - Adriano Machado/Reuters

Desde que Michel Temer assumiu, após críticas de que a gestão Dilma Rousseff promovia “gastança”, o país tem acumulado déficits crescentes e bem superiores aos da era petista.

No Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2019, divulgado nesta quinta, a área econômica pede permissão do Congresso Nacional para que as contas do governo continuem no vermelho pelo menos até 2021, quando há previsão de déficit de até R$ 70 bilhões.

Repetindo o discurso de seu antecessor, Guardia disse que a revisão das projeções expõe que, “sem reforma da Previdência, ajuste gradual não é sustentável". Ele reconheceu que o Teto de Gastos pode não ser viável ao longo dos próximos dez anos.

Pressão por reforma que tira direitos

Sua fala apenas confirma o que diversos analistas, críticos às medidas do governo Temer, já tinham apontado, ao afirmarem que a nova regra fiscal é impraticável e seria usada para pressionar pela aprovação das mudanças na aposentadoria que prejudicam os trabalhadores.

"Com a aprovação de reformas e a continuidade do programa de concessões, o cenário a partir de 2021 é de equilíbrio nas contas. O equilíbrio fiscal de 2022 e 2023 depende da evolução do PIB, de medidas tributárias e das concessões. A continuidade das reformas tende a melhorar significativamente esse cenário", afirmou Guardia.

"A alternativa de um ajuste mais forte seria a elevação de impostos, e vamos evitar isso. A estratégia de ajuste gradual é correta, mas precisa ser completada com a Previdência. Sem enfrentar a questão da Previdência, o ajuste gradual não tem consistência", completou.

Desde sua posse, Temer tenta aprovar no Congresso uma Reforma da Previdência, om o objetivo de cortar gastos. Mas, mesmo abrindo mão de alguns pontos da versão original, a investida que tira direitos do trabalhador não vai para a frente, dada sua impopularidade. 

Desecelação do PIB já deprimido  

O governo também informou que estima que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3% no ano que vem – mesmo valor previsto para a expansão de 2018. Para os anos seguintes, porém, a expectativa é de uma desaceleração nesse ritmo de crescimento. A alta seria de 2,4%, em 2020, e de 2,3%, em 2021.

Vale lembrar que, em apenas dois anos de recessão, o PIB do país recuou mais de 7%, e a recuperação econômica que o governo anuncia desde que assumiu, ainda não apareceu de forma consolidada. A falta de perspectivas tem levado diversos analistas a reduzirem suas projeções, sinalizando que o discurso da equipe econômica é excessivamente otimista.