Proposta quer eliminar cursos de humanas em universidades públicas

Proposta quer extinguir os cursos da área de humanas das universidades públicas. Caso essa ideia legislativa tenha continuidade, as graduações de Filosofia, História, Geografia, Sociologia, Artes e Artes Cênicas estarão ameaçadas, podendo levar a privatização.

Por Verônica Lugarini

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O desmonte das universidades se torna cada dia mais evidente. As tentativas de acabar com as instituições públicas de ensino vão desde incentivo ao fechamento de universidades pelo próprio Ministério da Fazenda, como aconteceu no final de 2017 com a UERJ, e com a UnB em abril desde ano, quando a reitoria anunciou que a universidade pode fechar as portas em agosto.

Agora, uma ideia legislativa pretende eliminar os cursos de ciências humanas das universidades públicas. O objetivo da proposta de Thiago Turetti, é dar mais ênfase a “cursos de linha”, como medicina, direito e engenharias.

Segundo a proposta, as graduações de humanas são “cursos baratos que facilmente poderão ser realizados em universidades privadas, a medida consiste em focar em cursos de linha (medicina, direito, engenharia e outros). Os cursos de humanas poderão ser realizados presencialmente e à distância em qualquer outra instituição paga”.

O argumento expõe a tentativa de desarticulação do ensino de qualidade no país. Fica claro o objetivo de privatizar e manter esses cursos de forma online. Tudo isso, ignora o fato de que sem as aulas presenciais há a destruição do debate, da troca de ideias e do pensamento crítico sobre a sociedade que esses temas abordam, isso sem contar com a precarização do trabalho dos professores dessa área.

Além dos professores formados e atuantes já serem afetados por tal medida, os futuros docentes também sofrerão as consequências, pois, a formação no ensino superior a distância seria prejudicada, ou seja, teriam uma formação menos completa e com menor qualidade.

Tal sugestão revela completo desconhecimento da importância da área de humanidades para a sociedade e para a educação.

De acordo com o argumento contrário a essa proposta, “a extinção dos cursos de Humanas de universidades públicas estará obrigatoriamente direcionando o cidadão a pagar por esses cursos sendo que grande parte da população brasileira é de baixa renda, não disponibilizando de condições financeiras suficientes para pagarem por esses e outros cursos. O país precisa de mais acesso igualitário à educação em todos os níveis de ensino”.

A proposta de extinção dos cursos de humanas ficará aberta para votação pública até o dia 7 de junho sendo que, no momento, há apenas 5.913 apoios no site oficial do Senado Federal, por meio de seu Portal E-Cidadania. Se alcançar 20 mil apoios, seguirá para análise no Senado.

Em contrapartida, o número de votos pela permanência dos cursos já alcançou 31.796 apoios. Para vota contra a extinção dos cursos de humanas clique aqui.

Autor da proposta

No Facebook do autor da proposta, Thiago Turetti, a foto de perfil já exibe o chamado “Bolsonaro 2018”. Outras postagens também apontam um viés conservador no que se refere a área da educação. Em um post sobre a Base Nacional Comum Curricular que terá apenas duas matérias obrigatórias, por exemplo, Thiago diz: “Cursos de esquerda finalmente saem da grade! Ufa!”.