Na Espanha, Dilma denuncia: O processo de exceção está se aprofundando

A presidenta eleita Dilma Rousseff está em Madri, na Espanha, onde participa de uma conferência sobre a crise política brasileira na Casa de América. Em seu discurso, Dilma denunciou o golpe e a perseguição política que sofre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Precisamos da solidariedade internacional”, afirmou.

Dilma em Madri - AFP

A presidenta, que foi convidada pela Cátedra de Estudos Ibero-Americanos da Universidade Carlos III e pela Casa da América, disse ainda que “a democracia no Brasil está em risco por causa do golpe” que levou ao seu impeachment.

“O processo de exceção está se aprofundando. Temos que ter clareza de que este tipo de processo de exceção já aconteceu e pode voltar a acontecer na América Latina. Aconteceu com Lugo no Paraguai, aconteceu em Honduras”, pontuou.

Dilma reafirmou que o impeachment, em 2016, foi resultado de um “golpe parlamentar e midiático” no Brasil, que teve o “apoio de corporações” do Poder Judiciário e motivado “interesses do mercado”.

Apontando a perseguição política contra Lula, ela reforçou que há uma “distorção do papel do Poder Judiciário, que é muito grave porque nenhuma democracia subsiste sem justiça cega”.

Dilma afirmou que foi usado a tática do lawfare que busca “destruir” Lula de forma civil, quando este “não é um radical, mas um conciliador”. Enquanto discursava, a presidenta foi interrompida por aplausos da plateia e gritos de “Lula livre!”.

“Desde que me derrubaram tentam desconstruir Lula, mas a cada acusação, a cada decisão contrária a ele, mais aumenta a sua popularidade. Então, para seus adversários, torna-se fundamental o seu encarceramento”, denunciou.

A presidenta eleita disse ainda que o país não sairá desta situação sem eleições, mas desde que sejam respeitados os resultados, diferentemente do que ocorreu na sua reeleição, em que o inconformismo com a quarta derrota consecutiva nas urnas gerou a atual crise política.

Dilma lembrou que o campo progressista ganhou quatro eleições consecutivas, “reduziu” as desigualdades sociais e fomentou relações exteriores brasileiras “independentes”.

“Tínhamos tirado o país da fome; e agora o Brasil é um pálido reflexo do passado recente”, pois “todas as conquistas sociais foram destruídas”, destacou.

“O objetivo era nos destruir e nos tirar do jogo político”, explicou Dilma, mas Lula “não faz mais do que subir nas pesquisas, apesar da campanha para destruí-lo”, algo que a presidenta chamou de “justiça do inimigo”.

“Está preso [Lula], não tem voz, nós seremos sua voz e viajaremos pelo país, faremos uma grande mobilização, também exterior, e pedimos a solidariedade internacional”, enfatizou. “Não vamos desistir da sua candidatura”, afirmou Dilma.