Membro da Farc é preso na Colômbia a pedido dos EUA

O membro da Farc Jesus Santrich foi preso nesta terça-feira (10), em sua casa, em Bogotá, após um pedido feito pela embaixada dos Estados Unidos na Colômbia. A ação foi executada pelo Ministério Público do país e pode ser só o começo de uma onda de perseguição, uma vez que há ordem de captura de outros importantes membros do atual partido, entre eles, Timo Leonel, Pastor Alape, Iván Márquez e Pablo Catatumbo.

Jesús Santrich - EFE

Após a ação, o procurador geral da República, Néstor Humberto Martínez, confirmou que detenção de Santrich aconteceu devido a uma ordem de captura internacional dos Estados Unidos. Segundo ele, o membro da Farc é acusado de envolvimento com tráfico de drogas.

O dirigente da Farc Iván Márquez falou com a imprensa pela manhã e denunciou que esta prisão mostra o quanto os membros da ex-guerrilha estão vulneráveis após o Acordo de Paz que não vem sendo cumprido por parte do governo colombiano. “Santrich não pode ser o troféu a ser entregue a Donald Trump em sua visita à Colômbia”, afirmou.

Para Márquez, a detenção de um dos membros da Farc de forma violenta e arbitrária como aconteceu é “uma péssima mensagem aos ex-guerrilheiros” que estão vulneráveis nas zonas de transição, desmobilizados e desarmados.

Em pronunciamento, a Farc denunciou que a detenção foi uma armação jurídica bastante questionável principalmente porque o procurador geral da República é uma das autoridades do país que expressa sua opinião contrária ao acordo de paz entre a ex-guerrilha e o governo colombiano.

Pastor Alape foi o primeiro membro da Farc a se pronunciar sobre o caso, segundo ele, a operação policial foi muito confusa e violenta. “Não sabemos exatamente os motivos. Chegaram ao lugar onde ele estava e o levaram. O que sabemos até agora é que se trata de uma decisão do procurador geral que foi contra o processo de paz. Há uma profunda crise e estamos esperando que nos digam por quê o levaram”, afirmou em coletiva.

Jesus Santrich foi um dirigente de destaque da ex-guerrilha e teve papel importante durante a negociação do acordo de paz, realizada ao longo de quatro anos em Havana, Cuba. Ele foi um dos signatários do acordo que pôs fim a mais de 50 anos de guerra no país. 

De acordo com o procurador, há provas eletrônicas e vídeos que apontam um suposto envolvimento de Santrich com atividades ilícitas. Após ser levado para a sede da Procuradoria Geral da República, o membro da Farc aguarda extradição para os Estados Unidos, onde será julgado por envolvimento com narcotráfico.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, nega que o governo não esteja cumprindo com sua parte do acordo de paz e disse que seguirá trabalhando para “construir a paz” até seu último dia de governo.

Desde que o acordo de paz foi assinado entre as duas partes, em 2016, sob a fiscalização de autoridades e órgãos internacionais, entre eles a ONU, as Farc vem cumprindo todas as etapas de acordo com o cronograma. Há pouco menos de um ano a ex-guerrilha entregou todas as armas e enviou seus membros para as chamadas “zonas de transição”, onde eles aguardam documentação para integrar a vida civil.

No entanto, o governo não vem mostrando o mesmo compromisso e várias áreas que antes eram controladas pela guerrilha, hoje estão sob o domínio do crime organizado. Isso faz com que muitos ex-guerrilheiros sejam alvos fáceis. Não à toa, os assassinatos seletivos aumentaram após o acordo, porque o governo não garante a segurança necessária que foi firmada no acordo.