Imprensa europeia denuncia politização do processo de Lula

Jornais afirmam que o judiciário tem agido de maneira mais rápida do que agiu anteriormente com outros suspeitos. The Guardian traz carta de parlamentares britânicos em apoio ao ex-presidente

prisão de lula na capa do guardian - CBN

"Com o caso do Lula, o judiciário brasileiro tem agido de maneira mais rápida do que agiu anteriormente em relação a outros suspeitos, isto é, a imprensa europeia tem assinalado uma politização desse processo no Brasil, e isso a gente encontra em praticamente todos os jornais e revistas aqui na Europa, sejam de tendencia conservadora, sejam de tendencia progressista ou de esquerda", disse a jornalista Adriana Moisés, da Rádio França, para a Rádio CBN. 

A Europa critica o processo. A jornalista lembra que a imprensa do continente acham que o combate à corrupção é licito e valido, mas assinalam que em relação ao ex-presidente Lula o judiciário tem mostrado uma relação de "dois pesos duas medidas", isto é, tem julgado o presidente de maneira politica, o que não cabe aos juízes. 

Veículos alemães criticaram a falta de transparência do judiciário brasileiro, já que não fica claro se a prisão em segunda instância, havendo mais recursos possíveis, é permitida ou não e que isso não tendo sido discutido e estabelecido antes de ser aplicado ao ex-presidente Lula indica a politização pela qual o processo está sendo julgado. 

O The Guardian, conta Adriana Moiséstrouxe uma carta de parlamentares britânicos em apoio a Lula, que afirmam que a aceleração do processo contra o ex-presidente no momento em que se iniciou a sua campanha e em que as sondagens indicam a sua ampla vantagem nas intenções de voto para as eleições de outubro é uma clara tentativa de tirá-lo da corrida presidêncial. 

As organizações europeias defendem sobretudo que sejam aplicadas as mesmas regras e a mesma velocidade a todos os acusados, o que não está acontecendo, já que Lula tem direito a mais recursos até o fim do processo. "O receio por aqui é de que, por o Brasil ter uma democracia jovem, e que está nesse momento muito polarizado, é de que se percam as conquistas democraticas que ocorreram nos últimos anos", diz Adriana, e acrescenta: "a fala do general e comandante do exército nessa semana, na véspera do julgamento do Habeas Corpus do Lula no supremo, aqui foi extremamente criticada pela maioria dos jornais. Quer dizer, um general, o exército, as forças armadas não devem, em uma democracia, se pronunciar sobre questões políticas e referentes ao judiciário".