Parlamentares veem açodamento em pedido de prisão de Lula

Uma prisão decretada de forma apressada. Assim definem deputados e senadores a determinação do juiz Sergio Moro para que Lula se entregue até às 17h desta sexta-feira (6). O pedido de prisão, no entanto, foi feito antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF) publicar o resultado do julgamento que negou o habeas corpus ao ex-presidente. O açodamento resultou num novo pedido de habeas corpus pela defesa de Lula e numa série de críticas ao juiz.

Manifestação pró-Lula - Adonis Guerra/SMABC

“A decisão, de forma açodada, ocorreu antes de serem esgotados todos os recursos em segunda instância. Uma velocidade descomunal”, disse o deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA), especialista em direito penal.

O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) ironizou a decisão, apontando o “medo da reação popular”. “É uma celeridade impressionante, parece que têm medo de alguma reação popular, sequer apreciam os recursos finais, os chamados embargos dos embargos, há uma insegurança desse poder tão imperial. Tudo isso contribui para que se reaja. Por que no caso do Lula tem essa pressa total?”, destacou.

Os petistas Lindbergh Farias (RJ) e Maria do Rosário (RS) também criticaram a rapidez de Moro. “Isso é um absurdo, porque a defesa do presidente Lula ainda tinha até terça-feira (10) para apresentar os embargos dos embargos. Essa prisão é um absurdo, ilegal, inconstitucional”, disse Lindbergh. “Moro tem seu despacho de prisão contra Lula pronto há quanto tempo? Inaceitável”, continuou a deputada Maria do Rosário.

Ampliação do Estado de exceção

O deputado Glauber Braga (PSol-RJ), em vídeo na sua página do Facebook, afirmou que a ampliação do Estado de exceção é evidente no país e criticou o Supremo Tribunal Federal que, na opinião dele, “tem sido conivente com a aplicação de um programa ilegítimo”.

“Não existe maior inconstitucionalidade do que a colocação em prática de um programa que não foi sequer discutido em eleições. E o que o Supremo fez em relação a isso? A maioria do Supremo barrou essas iniciativas de desmonte do Estado brasileiro? Não, não barrou”, disse.

O parlamentar lembrou que quem vira o jogo é a rua. “Resistir a decisões injustas é um direito e dever da população brasileira”, afirmou.