Rússia está cooperando com investigações do envenenamento de ex-espião

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), entidade global de monitoramento de armas químicas, está investigando o caso do ex-espião russo que foi intoxicado com um agente químico em solo britânico. Apesar do Reino Unido acusar a Rússia pelo crime mesmo sem provas, Moscou está colaborando com as investigações 

armas químicas

O embaixador da Rússia para o Reino Unido, Alexander Yakovenko, disse que Moscou irá aceitar os resultados de testes realizados por inspetores de armas químicas internacionais sobre um suposto agente nervoso utilizado para envenenar um ex-espião russo na Inglaterra, desde que o processo seja transparente, como informou a Reuters. 

Yakovenko disse a repórteres em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (5) que a Rússia quer saber quais especialistas estavam envolvidos nos testes da toxina usada no ataque do dia 4 de março contra Sergei Skripal e sua filha, Yulia, na cidade de Salisbury.

A Rússia convocou um encontro de emergência do conselho executivo da OPAQ após as acusações feitas pelo Reino Unido. Nesse encontro, a Rússia propôs uma investigação conjunta sobre o envenenamento, já que não foi convidada para participar de uma investigação independente que está sendo realizada pela OPAQ a pedido do Reino Unido; os resultados da investigação devem ser divulgados na próxima semana. Contudo, o pedido russo para uma investigação conjunta foi negado.

Desde o envenenamento de Skripal e sua filha, o Reino Unido vem acusando fortemente a Rússia ainda que sem provas concretas, expulsando diplomatas russos em massa; países aliados fizeram o mesmo, ao que Moscou também respondeu com expulsões em massa de diplomatas, além de acusar os EUA de pressionarem outros países para que expulsassem membros russos de seu país.

Na terça-feira (3), Gary Aitkenhead, diretor-executivo do laboratório de Porton Down declarou em entrevista para a Sky News que não foi possível "determinar a origem precisa" do agente químico usado no crime. "Conseguimos determinar que é o Novichok e determinar que é um agente neurotóxico militar", adiantou o responsável, que acrescentou que o laboratório entregou a informação científica ao governo britânico. 

"É da nossa competência fornecer provas científicas de que agente neurotóxico se trata, especificamente. Identificamos que pertence a essa família e que é de uso militar, mas não sabemos onde foi fabricado".

Até o momento, a conclusão de que o produto é de origem russa é uma especulação do governo britânico, e seus laboratórios não foram capazes de determinar quem foi o fabricante. O laboratório de Porton Down é certificado pela Organização para a Proibição de Armas Químicas e tem uma larga experiência, inclusivamente no desenvolvimento, fabricação e teste de armas químicas.

Também na quarta-feira (4) a Rússia solicitou um encontro público do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas em 5 de abril para discutir as acusações britânicas contra Moscou, disse o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, segundo informa a Reuters.