Dallagnol tenta constranger voto da ministra Rosa Weber

Em entrevista ao Jornal Eldorado nesta terça-feira (3), o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato em Curitiba, voltou a insuflar a campanha de pressão contra o Supremo Tribunal Federal para manter a prisão em segunda instância.

(Foto: Rodrigo Félix Leal/Futura Press

Na entrevista aos jornalistas Eliane Cantanhêde, Haisem Abaki e Carolina Ercolin, o procurador usou a mesma estratégia de outros membros do MP de tentar constranger os ministros do Supremo, principalmente a ministra Rosa Weber, apontada por alguns como a que terá o voto decisivo na votação desta quarta (4).

Dallagnol afirmou que, embora o resultado seja imprevisível, a grande esperança é uma mudança no voto da ministra Rosa Weber. "Na sabatina de quando entrou para o Supremo, ela tinha sinalizado, claro que de modo não profundo, que era a favor da prisão após a segunda instância. Depois, ela mudou de posição. A gente tem esperança que ela possa voltar à posição original", declarou.

Na visão do procurador, caso o Supremo reverta a decisão feita há dois anos, que deu nova interpretação ao artigo 5º da Constituição, que estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, a Corte vai se desgastar a credibilidade e coloca questão a sua imparcialidade.

O responsável pelo power point dos "não temos provas, mas convicções", diz que o julgamento desta quarta, não é somente "o caso Lula", mas "o caso de todo poderoso que praticou crimes graves".

Segundo ele, caso o STF decida por impedir que Lula seja preso em segunda instância, a Lava Jato pode sofrer o "perigo de catástrofe". "Nós vamos estar fazendo um teatro", disse.

Depois de fazer o discurso do fim do mundo, insuflando os atos de grupos de direita, Dallagnol disse que é preciso "adotar uma postura de manifestação pacífica".

"Devemos respeitar a autoridade do Supremo para decidir, mas é legítimo discutir essa questão e os efeitos que ela terá em todos nós", afirmou.

Ainda no tom messiânico, Dallagnol aproveitou a oportunidade para esclarecer uma publicação feita em seu Twitter no último domingo (1º/4), na qual diz que, na quarta-feira estará em "jejum, oração e torcendo pelo País".

Segundo ele, a causa de sua oração e jejum é para refletir sobre a corrupção e a impunidade. "Eu manifestei a minha oração, me expressei na rede social, em um perfil pessoal e que está fora do meu ramo profissional", disse o procurador. Ele finge acreditar que a repercussão do seu post poderia ter ganhando a mesma dimensão se não fosse procurador.