Encontro da UNE reflete desafios das mulheres nas ruas e universidades

Serão três dias com mesas de discussão, convidadas especiais, nove arenas feministas de debate e uma plenária final. O fórum foi batizado de “8º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE Marielle Franco” em homenagem a vereadora do PSOL assassinada do Rio de Janeiro.

Mulheres UNE

Raça, classe, violência, trabalho, saúde, gênero, política e educação são alguns dos assuntos que mais de 3 mil estudantes esperadas para o 8º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE vão abraçar durante os três dias de encontro.

Sob um território livre de machismo que vai ocupar a Universidade Federal de Juiz de Fora de 30 de Março a 1º de Abril as mulheres estudantes terão espaço de voz e reflexão sobre seus desafios cotidianos e formas de organização de resistência.

O tema desta edição Mulheres em Movimento: A Resistência feminista nas universidades e nas ruas vai se desdobrar em três mesas de discussão, nove arenas feministas de debate, e uma plenária final no último dia que deve aprovar uma Carta que vai marcar os 15 anos de Diretoria de Mulheres da UNE.

O time de convidadas está especial. Já estão confirmadas as presenças da representante da Coordenação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MND) Eliane Moura, a rapper Preta Rara, a representante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) Nalu Faria, a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul e candidata à presidência, Manuela d’Avila, a jornalista e youtuber Tia Má e a representante da Central única dos Trabalhadores (CUT), Juliane Furno.

PROGRAMAÇÃO DO 8º EME DA UNE

SEXTA – 30/03

19h – Abertura do 8º EME da UNE e Homenagem à Marielle Franco

22h30 – Show das Guerreiras de Clara

SÁBADO– 31/03

Oficinas Autogestionadas/Mostra

8h30 Científica/Montagem Exposições

10h Mesa Mulheres em movimento: A resistência feminista nas universidades e nas ruas

14h Roda Viva: Resistência Feminista frente ao golpe e ao avanço neoliberal conservador.

16h Arenas Feministas

Arena 1 – Raça, classe e gênero: os desafios na construção de um feminismo antirracista e anticapitalista;

Arena 2 – Universidade e Mundo do Trabalho: divisão sexual do trabalho, desigualdade salarial e economia feminista;

Arena 3 – Em defesa do SUS: saúde para todas!

Arena 4 –Soberania nacional: do campo à cidade;

Arena 5 – Violência contra as mulheres e segurança pública;

Arena 6 – Os desafios para a permanência das mulheres nas universidades: assistência estudantil, creche universitária e segurança no campus;

Arena 7 – A cultura feminista transformando as ruas e a universidade;

Arena 8 – Mulheres por uma educação emancipadora!;

Arena 9 – Mudar a política para mudar a vida das mulheres!

20h – Mesa de debate Mulheres LBTs em Movimento

21h – Mesa de debate Mulheres Negras em Movimento

22h – Cultural Feminista com Preta Rara, Rebu Bloco, Marias Bonita, Laura Conceição, Tata Dellon, Thaina Kriya e Amanda Messias

DOMINGO – 1/04

9h – EME da UNE: A contribuição da UNE para o fortalecimento da luta feminista no Brasil.

10h30 Plenária Final e Lançamento da Campanha da UNE Feminista


Leia abaixo o Manifesto do 8º EME da UNE


Historicamente, a UNE se coloca em defesa da educação e da democracia. Estamos nas universidades e nas ruas lutando e denunciando o cenário de retrocessos em que vivemos. A queda da primeira presidenta mulher eleita democraticamente no país
mostrou a cara patriarcal do golpe, que a cada dia consolida um projeto neoliberal.

A reforma da previdência e a reforma trabalhista são faces da retirada de direitos liderada pelos golpistas e afetam diretamente as mulheres trabalhadoras. A saúde e educação também são afetadas, principalmente, através da Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos nessas áreas, gerando sucateamento dos serviços públicos, das universidades e agudiza situações precárias que influenciam na vida de todas as mulheres.

Há duas décadas as mulheres são maiorias nas universidades, mas concluir o ensino superior tem sido um grande desafio. Os recursos para políticas de assistência estudantil e creche universitária, ficam comprometidos no cenário de retrocessos. A luta pela construção de creches nas universidades não é recente, e teve início na década de 1970, incentivada pelos movimentos sociais, principalmente o feminista e o sindical. Hoje, o debate é fortalecido na UNE por meio da defesa de políticas públicas que possibilitem que as mulheres não sejam maioria apenas ao ingressar, mas sim tenham condições de permanecer e concluir sua formação.

Lamentavelmente, a violência contra as mulheres é uma realidade também dentro das universidades. Segundo pesquisa realizada pelo Data Popular, cerca de 56% das mulheres sofreram assédio sexual (apelos sexuais indesejados, cantada ofensiva,  abordagem agressiva e etc.) no âmbito universitário, e 95% acreditam que a universidade deve criar meios de combater a violência contra as mulheres na instituição. Seguimos lutando, organizando a nossa resistência e nos movimentamos nas ruas e nas universidades de todo o país, como na Primavera Feminista.

O 8º EME tem como linha central as mulheres em movimento, resistindo nas universidades e nas ruas. Convocamos as mulheres de cada canto do país a mostrar que a UNE somos todas nós! As negras, indígenas, quilombolas, LBTs, as estudantes do campo e da cidade. Todas aquelas que constroem diariamente a luta por uma universidade livre do machismo, racismo, LBTfobia e do patriarcado.

Em três dias de encontro (30, 31/3 e 01/4), discutiremos temas centrais para nossa construção na universidade, para a nossa auto-organização e luta por um mundo novo. Construiremos juntas um território livre de machismo e qualquer tipo de opressão na Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais. O 8º EME da UNE é um chamado a resistir, se organizar e se movimentar. As mulheres em movimento mudam a universidade, mudam o Brasil e mudam o mundo.

Diretoria de Mulheres da União Nacional dos Estudantes.

20 de Fevereiro de 2018.